O brincar na minha infância

Tacobol, amarelinha, pique- esconde, gato mia, pira pega, bandeirinha, comidinha, pira garrafão, roubos de frutas nos quintais alheios até a construção de um clubinho, enfim brincadeiras que faziam parte do meu dia-a-dia e hoje estão registradas em minha memória. Sem falar das tardes após a chegada da escola que se estendiam até as altas horas da noite em uma rua de uma cidade pequena onde as crianças se preocupavam apenas com compromisso de se meter nas mais variadas confusões. E não eram poucas. Tenho comigo lembranças de amigos que já se foram, amigos que mudaram, mas que nunca saíram do coração.

O brincar na minha infância ajudou-me a construir a adulta que hoje sou. Uma adulta que se permite sonhar e fazer os outros sonharem através de minhas contações. Uma eterna criança, é assim que me defino e me vejo, aquela que ainda ri com filmes bobos que chora quando lê toda a vez a rejeição que sofre o patinho feio, mas que torce sempre que uma princesa sai de apuros inimagináveis. Tal prática tem contribuído em minha formação docente, tornado- me uma professora mais compreensiva e atenta ao silencioso olhar de uma criança quando está cansada e precisa distrair-se um pouco ( convenhamos que ninguém gosta de ficar por 5h em uma sala só realizando atividades).

Através do brincar na minha infância aprendi a cantar , contar e saber que quando estamos num bote não devemos ser como o indiozinho e devemos no atentar ao percurso do rio, aprendi que o amor está além de anéis de vidro, que batatinhas fritas com manteiga nada tem a haver com sabonetes Gessi, que dona Chica não precisa bater no gato, que ser pobre de marré de si não é tão mau e que toda brincadeira seja ela independentemente da faixa etária deve ser levada muito à serio e precisa ser difundida para que a criança seja criança e a interior nunca adormeça.