- DEZESSEIS MIL PESSOAS

Existe uma arma de fogo, o capitalismo. A desigualdade constitui-se na bala. Quem aperta o gatilho desta vez é a mais nova doença. Poderosa. A vítima já estava no chão, agonizando há anos. Ignorada, como qualquer pessoa caída na calçada, por quem passamos, fazemos uma expressão de pena e seguimos em frete. Porque não é conosco. Mas dessa vez, pode ser, podemos ser atingidos. Há, então, pânico.

Temos medo de sair de casa, pois podemos ser atingidos pelos estilhaços - não morremos, mas ficamos sem emprego, sem estudo, sem liberdade, sem dinheiro, sem amor, sem abraços. Quem poderia desarmar esta ameaça ainda não está totalmente convencida de que ela real. Muitos acreditam que a arma está sem bala, outros muitos acreditam que a arma nem existe, é uma invenção da mídia. Mas há um motivo para isso.

O gatilho dessa arma sempre esteve nas mãos destes últimos, mesmo quando as balas possuíam uma estrutura distinta da atual. Desta vez, eles não atiram o que deixaram engatilhado há séculos, mas ainda possuem algo. O antídoto oferecido tem um nome engraçado - cloroquina. Ninguém indica. Apenas eles. Mas, o que alguém à beira da morte faria? Ou, o que alguém que vê seu par agonizando na calçada escolheria? Dizem que esse antídoto tem efeitos colaterais gravíssimos. Mas a bala pegou fundo, há sangue por todo lado. Daqui à China.

Talvez esse seja o pior cenário. A união entre o mal, entre os poderosos, milionários que causam, desde sempre, a desigualdade, a pobreza, o desespero de pessoas que não têm o mínimo de possibilidade à uma escolha digna. Se houvessem mais hospitais, mais médicos, mais recursos, mais equipamentos, mais respeito à Ciência e às pessoas, talvez não estaríamos aqui, chorando abertura de covas e a morte de 16 mil pessoas. Mas, a principal pergunta, que ecoará para sempre é: E DAÍ?

Thayná Nogueira
Enviado por Thayná Nogueira em 19/05/2020
Reeditado em 19/05/2020
Código do texto: T6951518
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