AMOROSOS x MISÉRAVEIS

Pelo título parece que irei explicitar uma disputa e realmente é, mas não de futebol. Até seria interessante uma partida com times com tais nomes. O que pleiteio descrever é algo mais sublime, não que eu tenha aversão contra esportes, não é isso.

Acordei um pouco atrasado nesta segunda-feira e, diante do corre-corre, ainda me recordei de apanhar o livro que estou relendo, melhor, uma obra prima: "Os miseráveis" de Victor Hugo. Não sempre, mas às vezes leio dentro do ônibus, quando vou para o trabalho. Numa pressa indizível, não reparava muito coisa ao meu lado, mas de repente, observei um casal, em que ambos, apresentavam não muitos jovens. O interessante era que não estavam trocando beijos ou abraços fervilhantes, não. Estavam numa sintonia incrível, até mesmo no olhar e em poucos gestos de carinhos, como um biliscão. Tudo magnifico!

Dou sinal para meu ônibus, orgulhoso do exemplo que já havia percebido logo pela manhã. Não esperava, mas o casal também adentrou no mesmo ônibus que eu. Inexplicavelmente, sentaram-se à minha frente. Então, eu com o livro já aberto, iniciando meu incontido desejo de continuar mergulhado na minha leitura, parei de repente e voltei o olhar para aquele casal desconhecido, mas incrivelmente admirados por mim, não resisti. Não pensem que gosto de escutar conversa alheia, isto não faz parte de meus valores. O que está sendo analisado é a divina sintonia que algumas pessoas conseguem adquirir com o outro. Pensei que estaria diante de uma cena do dramaturgo inglês William Shakespeare, mas não. Era melhor! Aquilo não era encenação, era deveras o verdadeiro amor.

Decididamente fechei o livro - Os Miseráveis - ato contínuo, observando os amorosos enlaces que se faziam aquelas duas pessoas desconhecidas à minha frente, não estavam voltados aos beijos e abraços, ressalto. Estavam a conversar numa mágica harmonia.

Como se isso já não tivesse sido o bastante para acreditar na irrefutável prova de que o amor existe e, não obstante, é viável a todos nós seres humanos. Quando chego ao trabalho, ao abrir uma revista semanal - Istoé - na página 77, vejo uma foto de fóssil de um casal que foi encontrado e, segundo cientistas datam de 8 mil anos. O título da matéria é Paixão de 8 mil anos. O mais interessante nesse "achado" é que, segundo o professor Tekin, não há dúvidas de que as ossadas são de "marido e mulher ou de amantes" pelo fato de "as pernas estarem entrelaçadas" e os corpos "confortavelmente" próximos.

Por derradeiro, não restam dúvidas, embora o ser humano contrastando com todos os miseráveis valores, como dito por Victor Hugo, como miséria de fraternidade, miséria de amor e ainda, miséria em viver a vida como ela é, ainda assim, há pessoas que são totalmente devotadas a persistirem de que o amor vale a pena.

Clovis RF
Enviado por Clovis RF em 15/10/2007
Código do texto: T695154