O Tabaco.

Um amigo veio até mim me oferecendo dois maços de cigarros "Record". Os maços estavam abertos e pela metade. Por se tratar de um sujeito brincalhão, logo achei que os devia ter encontrado na rua 7 e estava zoando com minha cara. Mas não, sua sogra estava com câncer de pulmão e queria cigarros a qualquer custo. Segundo ele havia brotado um caroço nas costas da pobre senhora de setenta e dois anos de muita fumaça. Antigamente ela fumava o "Luxor" cano longo, dizia ele, mas com o aumento dos preços passou a fumar "Eigth" mesmo. Eram dois maços bem tragados por dia, quarenta cigarros em vinte e quatro horas! Isso desde seus quatorze anos. Hoje com setenta e três, com um câncer no lombo e louca pra fumar. Que maldição essa nicotina. Dizem que só fuma quem quer, que é só uma tragadinha, que não é de viciar fácil, etc... Tudo mentira! O cara pira mesmo com a falta do tabaco diário. Lógico, dependendo muito de cada organismo. Já vi sujeito parar de fumar do nada, de um dia para o outro, como também já vi cidadão perder a compostura em alta madrugada por causa de um pito. Isso só pode ser coisa do capeta!, dizem as velhas mexeriqueiras de calçadas.

Fumo até hoje. Decidi parar quando me formasse, e lá se foram vinte anos. Luto contra o cigarro a cada hora que me dá vontade. Ele me ameaça com sua cura ilusória para ansiedade e eu me deixando enganar esse tempo todo. Sei que tenho sido tolo e que deveria pensar nos mortos diariamente em decorrência do consumo do cigarro, mas sempre decido fumar um antes do fim ...

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 20/05/2020
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