MEU PAI E OS INCENDIÁRIOS. PULULAM ATÉ HOJE.

Fui muito assediado pela política universitária, para dela participar. Anos difíceis.Acho que também por força genética nunca fui político em sentido estrito do termo. Almoçava todos os dias com meu pai antes que ele fosse para o trabalho. Nasci ele tinha quarenta e um anos. Foi um lutador e vencedor. Um grande homem . Em razão da idade e de sua austeridade havia distância enorme de gerações. Eu dos anos dourados quando jovem, ele do início do século, de 1901. Mas sua figura impunha a todos o máximo respeito como pessoa, intelectual, orador, maior advogado do Estado quando foi para o Tribunal de Justiça pelo quinto constitucional, vaga de advogado de notável saber e ilibada reputação. Outros tempos.

Eu tinha enorme admiração por ele. Até hoje seu nome é cultuado como paradigma de homem de bem, de intocável isenção. Por que falo isso? Almoçávamos em 1964 quando a sublevação estava nas ruas. Meu pai era o Presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro e Presidente , também, do Tribunal Eleitoral do Estado. Foi inclusive quem alijou Lott de sua elegibilidade e em razão do domicílio eleitoral não conseguiu a legenda para concorrer à Presidente. Ainda tenho os jornais daquela época relativos ao fato. Meu pai na primeira página da grande imprensa.

Almoçávamos e tocou o telefone, aparelho pelo qual meu pai tinha aversão. A empregada atendeu e disse, Doutor é para o senhor, o Governador. Ele fez uma fisionomia de revolta, eu não sabia o que se passava integralmente; só ouvia ele dizer, não, não, de forma alguma. E desligou.Queria o Governador, comunista ferrenho e incendiário como todos, que ele decretasse feriado forense naquele dia e em diante. Meu pai um puro intelectual, jurista, avesso às politicas partidárias.

Pretendia assim adesão política. Meu pai recusou, os fatos se sucederam e ele como Desembargador reintegrou muitos funcionários nos cargos por força da Constituição, demitidos pela revolução. Era um homem adstrito às leis e independente. Sabia-se que os militares indagavam: ” Quem era o Desembargador que reintegrou a,b ou c.” Quando sabiam que era meu pai, iam embora.Se tivesse acedido ao apelo do Governador comunista teria sido cassado com toda a reputação que tinha.

Essa isenção tenho-a também. Não há mais espaço para esses aventureiros. SÃO CABEÇAS PEQUENAS , TAREFEIROS de oportunidades, não têm condições de aprendizado razoável, pois quem negocia até a própria liberdade não merece atenção. Párias da apreensão, apocalípticos dos bons desfechos, túmulos da mediação e da razoabilidade.

Tentam, sempre, alcançar o poder que a história lhes retirou, cortina de ferro, muro de Berlim subsistindo onde se morre de fome, Venezuela e Cuba, mas de resto, hoje, vão ficar nos primeiros passos as tentativas.

O mundo se conscientizou da irracionalidade desses ritos ideológicos, reporta a história, exemplifica-se com o Brasil, legalizado o partido comunista, conta-se quase nos dedos os votos. E continuam nessa saga os de poucos neurônios. Pura disfunção.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 25/05/2020
Reeditado em 25/05/2020
Código do texto: T6957857
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