PENSANDO À METAFÍSICA
 
                        Hoje em especial estive pensando sobre a vida, à minha existência. Não que eu esteja atravessando uma crise existencial, mas uma pura reflexão, destas que vez por outra nos visita. Eu não pude me furtar de socorrer-me no “além de”, de rebuscar em velhas aulas de filosofia sobre a “filosofia primeira” de Aristóteles, quando este divagava a procura de explicações no que se diz respeito do que faz a matéria ser algo diferente, distinto, e ao mesmo tempo tão particular e subjetivo. A antiga metafísica voltou a sacudir a minha cabeça, invadir meus pensamentos, e tal qual aquele filósofo brilhante em suas divagações, as inquietações me assolaram. Como interpretar este mundo em constante transformação? Como olhar para a natureza que o constitui em suas estruturas básicas que procuram explicar a realidade! Procurei pensar sobre a razão da minha existência. Segui a linha aristotélica, não levei em consideração Platão, pensando apenas no inteligível, na razão, mas em um mundo mais complexo, o sensível. Neste contexto podemos perceber que a realidade está submetida a dois fatores distintos, mas que não se anulam mas, se coadunam entre si, que é o tempo e o espaço.
                        Aristóteles foi fenomenal, para mim o melhor, a verdadeira raiz do pensamento filosófico existencial. As suas quatro causas condicionantes da existência dos seres são simples, diretas e complementares do ponto de vista da lógica. Sou matéria composta de um corpo formado por músculos, sangue, ossos, pele e outras estruturas viscerais internas, e isso me dá certa forma, uma arquitetura que me faz distinto dos demais seres, anatômica e biomecanicamente falando. Então surge a pergunta que não me deixa calar:  A minha existência  é obra do acaso ou deve-se a Alguém que me criou? Então, posso dizer que isso é uma “causa eficiente”? E finalmente, o que mais me incomoda nesse momento; existimos para algo realmente? Qual finalidade tem a minha existência? Qual a meta que me compete cumprir? Serei obra criada para um fim?
                        Há trezentos anos antes de Cristo estas perguntas eram feitas, e hoje continuam sem respostas reais e absolutas. Neste sentido criaram a fenomenologia, mas Kant não deu respostas. Veio o materialismo recuperar antigas discórdias e discussões e com ele a reboque o positivismo de Comte. Porém, nada ainda explica esta metafísica de nossa existência. Nem o empirismo nem o racionalismo me deram respostas. Então mergulho de volta ao início e deixo o sensível navegar em águas desconhecidas, o que é sempre uma temeridade. Percebo e vejo que a vida é a realidade vivida no dia a dia. São as ações, os pensamentos, os desejos, as palavras ditas, tudo que fazemos a nós e que também influencia aos outros. A vida não precisa ser sofrida, não precisa ter pressa, ela tem seu tempo e seu espaço para existir, não pode ser sinônimo apenas de matéria, de trabalho, produção e consumo, não se vive só para pagar  boletos e contas. A vida deve ser vista “além de”, com filosofia própria de cada um, com suas escolhas, compartilhando e fazendo o bem sem escolher à quem. Descubra o que te faz estar nesse mundo. Se não achar, não se preocupe, o seu Criador uma hora te mostrará a sua missão, e após cumprida, serás chamado a Ele para teu merecido descanso e aí sim, a devida prestação de contas.
Ricardo Mascarenhas
Enviado por Ricardo Mascarenhas em 30/05/2020
Reeditado em 23/06/2020
Código do texto: T6962588
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