O PRESENTE DE ANIVERSÁRIO.

O PRESENTE DE ANIVERSÁRIO

Lembra disso meu amado irmão?

A minha vida sempre foi acompanhada de crianças lindas e inteligentes, essa história fala de um episódio com um rapazinho de cabelos cacheados. Lembranças de um menino maravilhoso que ficam gravadas em nossos corações. Em 1975, meu querido irmão Márcio era um garoto de doze anos, prestes a completar treze. Ele e sua turma de pré-adolescência, estavam na fase de curtir lutas e esportes. Nossos pais moravam em uma casa da Rua Henrique Ablas, em São Vicente, que possuía quintal e um espaço grande e amplo na parte de baixo da casa. Nesse local a turma do Marcio se reunia e trocavam ideias, faziam ginástica e ensaiavam lutas. Às vezes eu visitava a casa de meus pais e descia ao porão e via os garotos imitando lutadores, levantavam pesos e, às vezes, saia uma ou outra disputa entre eles. Aproximava-se a data de aniversário de meu irmão e ui a uma loja de artigos esportivos escolher um presente. Assim que entrei vi um par de luvas de box de boa qualidade, padrão profissional. Não tive dúvidas e comprei dois pares, mandei embrulhar para presente. Foi o presente mais acertado que já dei. Ao abrir o pacote e ver seu conteúdo, Márcio ficou alucinado, com os olhos brilhando de contentamento. Ato contínuo chamou os amigos e foram para a parte debaixo da casa, sob protestos de minha mãe. Poucos minutos estavam sem camisas e lutando box em um sistema de rodízio, corpos suados, esqueceram que estavam em uma festa. Pararam para cantar parabéns, comer um pedaço de bolo, tomar uma Coca Cola e voltaram a lutar box. E assim foi por uns dois ou três meses. Chegavam da escola, iam para casa de meus pais encontrar o meu irmão e tome lutar boxe. Se a coisa esquentava além de um treinamento era só vestir as luvas e tirar as dúvidas. As luvas eram da melhor qualidade, feita para lutadores profissionais e aguentaram muito tempo. Márcio e sua turma foram mais resistentes e, aos poucos, o precioso presente foi se desmanchando, as luvas acabaram por virar dois punhados de pano com uns pedaços de couro descosturado. Foi, em toda a minha vida, o melhor presente que dei. Acho que colaborei para os meninos extravasarem suas energias e se tornarem adultos pacíficos.

Paulo Miorim, 01/06/2020

Paulo Miorim
Enviado por Paulo Miorim em 01/06/2020
Reeditado em 01/06/2020
Código do texto: T6964966
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