Banana

Minha mãe perguntou o preço da banana. Profundamente abalado não consegui responder. Não o preço. Profundamente tentei entender o que ela perguntava.

Poucos segundos se passaram. Irritada, repetiu a pergunta como quem procura uma verdade.

Silêncio total. Abri a boca, mas não saiu nenhum som.

Gritou, como quem escorraça uma fantasma.

Confuso, diz: não lembro! Só comprei. Queria comê-la.

Simples assim.

Duplamente enfurecida, pois não sabia o preço e por que só queria comê-la, tascou uma porrada na mesa.

Inadmissível!

Quem, em sã consciência, compra banana e não sabe o preço?

Como quem procura asilo, diz: desculpe!

Aí tudo se escureceu. Não sei quantas horas ou dias se passaram.

Acordei no escuro.

Um cheiro azedo tomou minhas narinas. Era algo familiar.

Bati na porta. Silêncio total.

Nunca mais comi banana.