A MORTE MORA AO LADO

A presença da morte, ultimamente, tem nutrido uma familiaridade excessiva com os seres humanos.

Atualmente, nem é mais necessário participar de cultos espíritas ou visitar cemitérios e hospitais, para sentir sua sombria companhia.

A morte anda onipresente em todas as telas e páginas de jornal. Na conversa da fila da lotérica. Em nossas redes sociais. Como um fantasma, na mente das pessoas ao se recolher ao leito.

Nunca estivemos tão próximos de sua visita imprevista. Nunca experimentamos, tanto, a atração de nossos pensamentos pela porção mórbida da existência.

Os aplicativos de viagem, ainda, insistem em vender roteiros paradisíacos. Praias risonhas plenas de sol. O comércio tenta sugerir roupas de grifes e smarthphones de última geração. Será que estaremos vivos, ao recebê-los?

No momento, não temos certeza de nada. A não ser de que, hoje, estamos respirando sem aparelhos. De que o vírus se aproxima de nossas casas. De que tudo que era normal, antes, tornou-se perigoso.

E haja lives. Haja tele entrega. Haja o replay das novelas e programas televisivos.

A morte instalou-se como um vírus em nossa tela mental. Como um insidioso malware a contaminar nosso cotidiano

E, infelizmente, os antivírus que estão no mercado são, apenas, paliativos. Aguarda-se o novo produto que erradicará todas as mazelas. A vacina, a cura total.

Por enquanto, a espera.

Ricardo Mainieri
Enviado por Ricardo Mainieri em 15/06/2020
Reeditado em 12/01/2021
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