Uma mãe de primeira viagem em: A identidade em uma barriga!

Identidade rima com maternidade, mas é preciso muito rebolado pra colocar os pingos nos "is" para que a poesia aconteça!

Durante a gravidez, para algumas pessoas, você deixa de "ser", ou melhor, você é, literalmente, UMA BARRIGA! Vamos considerar que pelo tamanho, a barriga chegava primeiro nos locais. Fiquei sem graça várias vezes ao encontrar com alguém e ir pra dar um abraço e a pessoa descer pra falar com o neném na barriga. Estava tão acostumada com as perguntas "como está a neném?" "É menino ou menina?" "Como é o nome?" "mexe muito?" "Tá pesando quanto?", que diante de qualquer simples "como está?", por mais que a pessoa quisesse saber de mim (sim, é pouco provável, mas acontece), a resposta já vinha no automático..."ela está bem, fiz ultra essa semana, está tudo normal graças a Deus...". Para aquelas pessoas que não são tão próximas, eu já respondia esperando a próxima pergunta que já sabia qual iria ser...Bem que daria para criar umas plaquinhas "Estou com x meses. É menina. O nome vai ser Maria Alice". Só precisaria atualizar os meses e provavelmente só tivesse que mudar a ordem das respostas.

Todos os cuidados das pessoas, alguns que se resumem em pitacos - ver crônica "pitacos") são dispensados para e por causa do bebê. Da minha parte, algumas escolhas me colocaram em reflexão de quem fui antes da gravidez, do que desejei, de quem fui enquanto gestante e quem sou, inclusive, enquanto mãe. As escolhas, o que, como, o que bebo, os locais que frequento, as prioridades, as roupas, as músicas, as orações, os desejos, as ansiedades, os medos, as alegrias!

Tudo, exatamente tudo, muda de condição! A pessoa aqui que nunca carregou um guarda chuva na bolsa passa a se preocupar com a corrente de ar, com a quantidade de peças de roupas para melhor agasalhar. A pessoa que não abria mão de refrigerante, passa a pensar em estabelecer regras para o consumo da bebida dentro de casa (euzinha em "a evolução da espécie"). Não, não quero dizer aqui que deixei de ser eu, apenas acredito que diante da maternidade estou vivendo e aprendendo, revisando a minha identidade, fazendo escolhas para ser o melhor de mim, ainda que seja para dar o melhor exemplo na minha criação! O maternar é um convite contínuo à autopercepção, ao reinventar-se todo o tempo, o tempo todo.