A ÁRVORE DAS BONECAS

Achei uma boneca mutilada

Estava sem uma perna, sem um braço e toda rabiscada

Pensei, a quem teria pertencido esta “coitada”

Foi presente de Natal? Aniversário? Dia das Crianças ou uma data sem dizer nada?

Depois outra, mais outra, e comecei a coleção de bonecas abandonadas

Algumas foram encontradas, outras ganhas, umas no lixo pegadas. Até comprei algumas em “ferros-velho” descartadas.

Já tinha mais de cinqüenta e veio-me uma idéia danada.

Pendurá-las em uma árvore, no quintal e na beira da estrada

Ficavam balançando ao vento todas elas “enforcadas.

Há pouco havia chegado aqui, e deixei a população rural um tanto quanto assustada;

Chamavam-me de macumbeiro, “véio Doido’ Bruxo e até amalucado

Em uma bela tarde de abril destas tardes ensolaradas, eis que batem em minha porteira, e eu sem saber de nada. Fui lá ver o que queriam uma moça e uma rapaziada

Foram- se apresentando,

A prefeita

O vice- prefeito

Um vereador

O secretário de alguma coisa e algumas palavras foram trocadas.

Queriam saber o porquê das bonecas penduradas, disseram que era curiosidade, na verdade, as pessoas estavam assustadas pela Árvore das Bonecas quase todas enforcadas;

Não ficaram satisfeito com que eu tinha argumentado Esta árvore das bonecas para mim tem um significado:

- Vejo nela tão somente, alguns “sonhos descartados”

Dez, quinze, ou vinte dias depois veio um viatura, os soldados eram dois.

As mesmas indagações o mesmo ponto de interrogação, queriam esclarecer parte da população.

Eu a frente a suas vistas, começam eles uma entrevista, e depois de tudo esclarecido, até foi feito um vídeo, soube eu da divulgação, mas, não cheguei a vê-lo não.

Hoje passado um ano, pouco mais não me engano

Não há mais nenhum temor, me chamam por “seu arnor”

Sou até agraciado por bonecas e bonecos para serem pendurados

Assim a Árvore das Bonecas que trouxe pequenas desavenças, esta Árvore das Bonecas,

virou ponto de referência

(arnor milton)