A cigarra Luiz Barbosa dos Santos

Há um bom tempo, coisa de um ano, foi-se embora daqui dessa cidade, Nova Era, Luiz Barbosa dos Santos ou como ele mesmo diria: Luiz BAR-BO-SA dos SAN-TOS. Luiz era mendigo para todos aqui, mas não gosto de rotulá-lo assim, prefiro chamá-lo de... de... sei lá, Luiz é diferente sabe, ele ficava lá, sentado em frente ao supermercado o dia inteiro, olhando as pessoas e rindo, comprimentando com aquele seu belo semblante !!simpatia pura o Luiz!! Uma das únicas vezes que não o vi bem, foi antes de partir da cidade onde moro (Nova Era), lembro que ele disse que estava sendo ameaçado por outros mendigos, disse que ajudaria, mas não encontramos os outros, nesse dia ele cantou uma música com os olhos lacrimosos, que não me sai da cabeça, mas não lembro o nome nem quem canta ela, dizia ele ser do Legião Urbana, mas não era, Luiz já meio velho confundia algumas coisas, uma vez me disse que viu o Legião tocar em Sete Lagoas MG, mas Renato já havia morrido faz tempo... Será que Luiz morreu? Há tempos ele não volta aqui? Não, não pode... Quer dizer, pode, mas não quero, seria uma enorme perda, ele já estava meio velho, talvez até doente e hospital não o atenderia nunca, a não ser que enriquecesse, mas não era sua pretenção, era satisfeito com a situação que estava, adorava ficar atôa e vendo as pessoas passarem, Luiz era a cigarra cantora. Talvez Luiz Barbosa seja como Renato Russo, não vai morrer, vai apenas deixar esse plano terreno e de alguma forma sua lembrança vai estar sempre com agente, eu e muitos amigos meus que iamos trocar ideia com ele.

Se algum dia ele aparecer, vou de novo escrever um texto sobre ele, talvez até um texto com ele, tomara que apareça, tomara!

Enzo Pinho
Enviado por Enzo Pinho em 18/10/2007
Reeditado em 18/10/2007
Código do texto: T699303