Doutor Diógenes; O "Filho da Fruta"

Existia lá pelos meados do século passado em uma conhecida cidadezinha do interior desse nosso País, que óbviamente não convém aqui citar o nome; um conhecido prostíbulo que era dirigido por uma velha e gorda senhora que, sabe-se lá por quê, era conhecida como 'Dona Manguinha'...

Diziam os mais antigos que quando jovem ela era uma das mais belas moças que 'prestavam seus serviços' naquele prostíbulo e que por isso acabou conquistando o coração de um velho coronel que a assumiu como sua concubina.

Diziam ainda que o tal coronel havia tido com ela um filho e que assim que o menino nasceu ele o enviou para a cidade onde ficou aos cuidados de parentes para lá ser criado e educado para ser o seu herdeiro, já que ele não teve filhos com aquela que era a sua legítima esposa...

Já cursando a faculdade de engenharia esse jovem, que se chamava Diógenes, costumava aparecer de vez em quando lá pelas fazendas da família, onde era conhecido pelo seu péssimo caráter, pois parecia sentir prazer em destratar os empregados da família, principalmente aqueles mais humildes, por isso embora veladamente ele era mais conhecido como 'o filho da fruta', do que pelo seu verdadeiro nome. Na verdade ele desconhecia aquela sua verdadeira origem, acreditava ser realmente o filho único e legítimo do coronel, portanto o herdeiro natural de todas aquelas propriedades.

Até que um dia, quando ele retornava da empresa de engenharia onde era um dos sócios-diretores, ele recebeu a triste notícia que o seu velho pai, que já há alguns dias estava internado em um hospital lá na Capital, veio a falecer...

Algum tempo depois, durante a leitura do testamento feito pelo seu pai, foi que ele ficou surpreso ao saber que aquele conhecido prostíbulo que existia naquela tal cidadezinha era de propriedade do seu pai, que o havia incluido no seu testamento e deixado como herança para a tal Dona Manguinha que o administrava...

E foi assim que, cheio de curiosidade, já naquela sexta-feira seguinte após à abertura do testamento, ele resolveu 'dar uma chegadinha até lá', só para conferir...

E logo assim que ele lá chegou ao volante daquele seu luxuoso e reluzente Caddilac conversível, a atenção de todas aquelas 'funcionárias' do local se voltaram para ele, e só faltaram se digladiarem entre si para ver quem teria o grande privilégio de 'servir' tão imponente cliente... E o Doutor Diógenes não se fez de rogado, esquecendo-se completamente do seu principal objetivo, 'gulosamente' foi escolhendo logo duas daquelas mais lindas ninfetas e 'saiu para o abraço'...

E lá pelas tantas da madrugada, já 'muito doidão', só de gravata e cuecas, amparado pelas duas 'ninfetas' e com uma garrafa de uísque em uma das mãos, aos berros ele anunciava: "Aí pessoal; bebida grátis prá todo mundo! É toda por minha conta! E eu só quero 'um viva'!"... Ao que toda a galera respondia: "Vivaaa! Vivaaa!". E tome-lhe bebida para todo mundo...

E com toda aquela balbúrdia que estava acontecendo no salão causada pela bebedeira, a dona do estabelecimento acabou descendo do seu escritório para ver o que estava acontecendo, e logo assim que se deparou com aquela cena; um sujeito só de cuecas e gravata 'enganchado' no pescoço do segurança da casa, cantando e 'jogando beijinhos' para tudo quanto era lado, enquanto que a galera ensandecida já cantava até marchinhas de carnaval fora de época ela, arregalando bem os olhos, abriu os braços e com um sorrisão estampado em seu rosto saiu correndo em direção ao tal doutor Diógenes gritando: "É o meu filho! É o meu filho"...

E depois de práticamente tê-lo arrancado dos ombros do segurança e o envolvido num forte abraço, ela ainda o estava cobrindo de beijos quando aquela turba já então 'alcoólicamente emocionada', eufóricamente começou a cantar: "Filho da fruta! Filho da fruta"...

Que reencontro emocionante esse do Doutor Diógenes com sua mãezinha, hem?