O TREMEMBÉ E A MINHA SAUDADE

Ontem vi uma reportagem sobre o bairro Tremembé, zona norte de São Paulo, senti saudades.

Conheci o Tremembé muito mais pelo nome do que presença, vivi muito perto.

Doze anos, uma criança nos dias de hoje, pau pra toda obra lá no meu tempo.

Com essa idade deixei a minha pequena cidade em Minas e cheguei na metrópole paulistana.

Trouxe comigo a inocência para ser esfolada, arranhada, pisoteada, torturada, não assassinada, felizmente. Ganhei feito presente de grego a malícia, a responsabilidade, o futuro incógnito.

Tenho lembranças, não lamentos. Não sei dizer se perdi alguma coisa, não me lembro.

Ganhei muito a um custo alto, talvez, mas pagaria até mais se precisasse optar agora.

Ganhei junto com tudo, a capacidade para preservar um pouco do meu lado criança.

Logo nos primeiros dias em Santo André, foi decidido que eu iria ficar na casa de uma tia na zona norte de São Paulo, para ajudar meu tio em sua alfaiataria no bairro de Santana. Algumas chateações nunca foram suficientes para contrapor ao que vivi de bom naqueles três meses.

Iria me alongar um bocado falando do meu fascínio, das recordações gostosas. As ruas por onde perambulei, Voluntários da Pátria, Cruzeiro do Sul, Darzan, Dr. Zuquim, Nova Cantareira, Olavo Egídio, Alfredo Pujol e tantas outras.

A enormidade de linhas de ônibus que paravam ali em frente a alfaiataria, eu era só imaginação e admiração, Tucuruvi, Parada Inglesa, Tremembé, Vila Galvão, Jaçanã, eram muitas além dessas.

As minhas viagens no trem suburbano, nos ônibus elétricos, os bairros que acabei conhecendo, Santana, Santa Terezinha, Lauzane, Imirim, Casa Verde, Tucuruvi, etc.. Que fantástica era a Estação da Luz.

Vi alguns últimos trilhos de bondes serem recobertos por asfalto.

Falou em Tremembé, senti saudades!

JV do Lago
Enviado por JV do Lago em 10/07/2020
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