Verônica.

Verônica fez parte do meu imaginário durante boa parte da minha puberdade...

Que maranhense linda...

Numa época em que a cidade, ao contrário de hoje, praticamente não tinha mulheres chamativas, desejáveis, Verônica era requisitadíssima por alguns cidadãos da época (fazendeiros, madeireiros) e, pelo visto, era bem recompensada por seus serviços de alcova.

Morena cor de jambo, uns 30 anos, lábios carnudos e muito sensuais... seios fartos, bunda relativamente grande e, pra completar, um par de pernas que eu amava admirar quando ela passava num vestidinho florido acima do joelho.

Aos domingos eu tomava conta do açougue de meu padrastro, e ficava na torcida pra que ela viesse comprar carne. Quando ela aparecia, o besta aqui era só boas maneiras... Só faltava dar a carne de graça e a chave do açougue. Cada sorriso dela, cada gentileza comigo, eu respondia com um suspiro.

No alto de meus catorze, desejava aquela mulher como qualquer homem adulto...

Meu mundo caiu no dia em que um dos "Mauricinhos" do colégio, bem mais velho que eu, contou numa roda de conversa, na hora do intervalo, que havia "visitado" Verônica na noite anterior. Eu teria dado um belo de um murro na cara daquele imbecil se, assim como ele, tivesse músculos de troglodita... Como eu odiei ver aquele pulha dando detalhes do corpo dela...

Decidi que também a "visitaria"...

Ensaiei por dias o que diria, queimei muito neurônios imaginando como a convenceria a tirar minha "pureza" de menino e me transformar num homem.

Tinha que ser com ela a minha primeira vez...

Depois de muitos ensaios, decidi ir à sua casa, na rua Haroldo Bezerra, na noite de um domingo em que ela não apareceu pra comprar carne.

A porta estava aberta, bati palmas e ela apareceu...

Jamais vou me esquecer da felicidade que tive em ver aquela mulher enrolada numa toalha, com aqueles seios maravilhosos quase saltando pra fora e aqueles lindos cabelos encaracolados ainda molhados...

Me perguntou o que eu queria e, quando ia abrir a boca pra responder, seu Ariquenes, antigo fazendeiro da região, apareceu na sala, também enrolado numa toalha, perguntando se ela tinha visto sua cueca...

Pra disfarçar minha decepção, apenas perguntei porque ela não tinha ido ao açougue naquele dia. Sem nem mesmo ouvir o que ela havia respondido, virei as costas e fui pra casa... desolado.

Chico Rabelo
Enviado por Chico Rabelo em 13/07/2020
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