RECEITA PARA DEIXAR DE SER VEGANO

RECEITA PARA DEIXAR DE SER VEGANO

Essa receita funciona, com certeza. Se a pessoa for descendente de italiano é infalível. Foi o que aprendi em uma competição intercolegial na cidade de Americana, onde fui nadar pelo antigo Colégio Monte Serrat. Era costume, na época, as famílias dos nadadores da sede da competição hospedarem os nadadores das equipes visitantes. E assim, foram sorteados em que casas cada um de nós ficaria. A mim foi destinado ficar na casa de uma família muito agradável e hospitaleira que fez de tudo para que eu me sentisse em minha casa. Chegamos a Americana sexta-feira à noite e cada nadador foi encaminhado para a residência na qual ficaria hospedado. Dia seguinte, após um belo café da manhã, os pais do nadador me mostrou todas as dependências de sua moradia. A casa ficava no topo de uma ladeira e era típica das cidades do interior da época. Havia um quintal, com duas jabuticabeiras tão carregadas de frutas que nem se viam os troncos, pois estavam encobertos de jabuticabas maduras. Deseducadamente ataquei uma das árvores e saboreei muitas frutas. O pai do nadador local era gente muito boa e logo falou que eu comesse quantas jabuticabas quisesse. Foi o que fiz. Comunicaram-me que, domingo, haveria um almoço feito para mim, onde seria servido o prato que era especialidade da dona da casa, mas era surpresa. A seguir fomos à piscina onde haveria a competição onde passamos o dia e ganhei a minha prova. À noite viajamos à Piracicaba para o baile do Terror na Agronomia. Domingo realizou-se a segunda parte da competição e o encerramento da mesma. Eu na expectativa do almoço surpresa. Coloco aqui uma explicação. Com a intenção de melhorar meu desempenho como nadador, três anos antes eu iniciara a prática de Hathayoga, que muito me auxiliou. Aos poucos desenvolvi o hábito de, religiosamente, praticar uma hora as seções prescritas no livro “Ioga e Saúde” de Selvarajan Yesudian e Elisabeth Haich, recomendado pelo pai da Yoda Xavier, nadadora amiga, que era professor dessa maravilhosa prática nascida na Ìndia. E, após muito autocontrole, faziam quatro meses que adotara dieta vegetariana completa, o termo vegano não existia. Chegados a casa o pai do rapaz falou: “-Agora você vai saborear uma delícia que minha esposa preparou para comemorar sua estadia em nossa casa.”, o que só fez aumentar minha expectativa. Não é que após uma bela salada a mãe do nadador coloca no centro da mesa muito bem posta, uma imensa travessa de almôndegas regadas com um molho de tomates caseiro e um aroma de comida da “nona”. Acompanhava um macarrão ao sugo, queijo parmesão ralado na hora, um vinho italiano. Eu gelei, pois não podia comer carne de modo algum. Muito timidamente, falei: ”- Mas eu sou vegetariano e não como carne.” A dona da casa não escutou, mas eu pensei que o senhor ia me agredir: “–O quê? você pode ser o que quiser, mas nos ofenderá muito se não comer as almôndegas! Minha esposa está no fogão manhã inteira preparando para você!”. Calei a boca e coloquei duas belíssimas almôndegas em meu prato. Repeti, repeti e repeti de comer almôndegas super deliciosas. Convenci-me que ser vegetariano era uma bobagem.

Paulo Miorim16/07/2020

Paulo Miorim
Enviado por Paulo Miorim em 16/07/2020
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