Eu sinto muito

Madrugadas.

Tenho saudades absurdas.

Quero perguntar desde coisas triviais como se você sabe amolar facas para meus dias prazerosos na cozinha, até as mais profundas do tipo “como você está se sentindo no meio disso tudo?” Ontem vi as notícias sobre a Amazônia. Não é estranho viver sem esperanças no seu país? Eu ia te chamar ainda esses dias para que pudéssemos discutir o que Chris McCandeless sentiria se visse quando retiraram o ônibus do Denali. A gente vive coisas que nos marcam tanto que tenho sentido muito todos os meus absurdos.

Tem feito muito frio por aqui. Lembrei de outras insônias que passei abraçada, me aqueci das lembranças. Já pensei que podia ter nascido em outra época, mas quando foi só primaveras? Escrevi sobre desigualdade social no jornal, e depois sobre o meio ambiente. Doeu. E depois falei de afetos ... pra não doer mais. Eu nunca imaginei que seria capaz de passar tanto tempo sem te contar as minhas coisas, mas minha intensidade se faz até quando vou embora. Ela se faz em tudo. E talvez eu já nem estivesse te contando mais nada antes, na tentativa de não romantizar seus sumiços e instabilidades.

Eu já pensei que podia não ter dito aquele “te amo”.

Essa semana, preciso falar sobre relacionamentos. Acredita? As coincidências continuam a acontecer na nossa vida. Que pena que você não esteja acordado. Semana que vem, prometo que farei uma crônica sem você.

#TextoDeQuinta

Marília de Dirceu
Enviado por Marília de Dirceu em 16/07/2020
Reeditado em 16/07/2020
Código do texto: T7007608
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