Pode ser muita coisa, mas também pode ser nada. Não sou o tipo de pessoa que as pessoas lembram do aniversário. Raramente, alguém liga pra mim para saber como estou. Não tenho amigos. Fato! Sou homem de meia idade e não tenho amigos. Não sou uma pessoa alegre. Trago mais tristezas que alegrias. Isso tem muito haver com a infância. Na infância tive que ser sisudo. Também, não tinha colegas, não poderia brincar na rua. Festa? Segundo meus pais isso era coisa de vagabundo. Ninguém me elogiava. Isso afeta nossa autoestima.
Se pra tudo isso tem um lado bom? Não esperar nada que venha de fora é algo bom. Nos torna menos apreensivo. Me alimento, durmo, trabalho, tento pagar minhas contas. Estou existindo, resistindo, sabe lá até quando. Já não sou dado a loucuras e revoltas. Pra mim basta alguns livros, um lugar silencioso. Basta que tente, pelo menos uma vez por semana, escutar minha própria voz.
Falo do real. A realidade é um pouco mais ampla. Diz um pouco de mim, mas não me interesso pela realidade. Esse interesse me jogaria a uma série de coisas que considero ridículas. Sabe essas fotos rídulas que a gente posta na rede social para dizer que é bem sucedido ou plenamente feliz? Em geral um espaço de gente fabulosa. A propaganda pessoal é algo deprimente. Não é atoa que a venda de ansiolíticos só aumenta. Sou uma pessoa comum para uma existência comum. Se fosse religioso poderia dizer que há um sentido para tudo isso. O ceticismo é uma coisa foda. É algo que nos deixa com mau humor, porém, tranquilo por ser o melhor real que se possa viver.
Jorge Alexandro Barbosa
Enviado por Jorge Alexandro Barbosa em 17/07/2020
Código do texto: T7008446
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.