Sonhos Invertidos

Começara sua ausência numa comunhão de sonhos invertidos, vagando na cidade das certezas inúteis, que não levam a origens ou limites, do frio na espinha do vôo retorno, do céu que se avizinha, e nas luzes tantas da cidade pintada com guache inocente e lambido.

Saberá que num dos retângulos de luz sem prumo das janelas abertas estará este seu amigo .

Não terei visto seus olhos me dizendo adeus, meus sentidos mentirão seu cheiro, teu riso, teu abraço, e os guardarei nas montanhas secretas de minhas lembranças.

Mas quando voltar e descer na cidade rendida aos seus encantos, encontrará ainda o calor que nos deixou.Aqui onde moram as sombras de tudo o que existe, não se sentirá estrangeira na cidade de todos os exílios, e verá as arvores brandas nas ruas que nunca cessam, descerá a cidade para encerrar o tempo, sob o peso de milhares de pés nas pedras saturadas de suas calçadas , não reconhecerá a sombra, o som, o sol nem a lua, nem por elas será reconhecida, verá suas antigas estrelas, testemunhas do tempo, e sentirá o afago de seus becos cinzentos.

Então conhecerá a cidade que leu e não viu, e o homem oculto te mostrará a bandeira do seu sonhos, e nela o afeto que em você se encerra. Que meu abraço encontre o seu sorriso, que minha cidade guarde sempre o calor de sua presença.

Carlos Said

Um dia qualquer em Sampa

Por trás dos meus olhos

Carlos Said
Enviado por Carlos Said em 19/10/2007
Reeditado em 04/08/2018
Código do texto: T700849
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