A culpa

Em pé, o coração pulsava, o suor escorria pelo rosto, a respiração era quase que incontrolável. Os pés estavam fixos no chão gelado e as memória fixas na alma...

- Vem tomar seu café!

- Estou indo.

Naquela manhã clara de verão saíra com a pequena Alice, ia deixá-la na escola e perto do meio dia voltaria para buscá-la. Todos falavam da doçura de Alice, o quanto a menina era gentil, inteligente, educada... Ser pai de uma garotinha como aquela era tudo que um homem podia querer, ainda mais Raimundo, que sempre quisera ser pai! Deixou-a na porta da escola e se foi para o trabalho.

Trabalhou a manhã inteira, sempre com a lembrança de que as 11 horas deveria buscar Alice. Aquela manhã agradável de logo cedo sumira e agora um sol quente tomara de conta de toda a cidade. Deu uma última olhada no relógio e saiu.

Na saída do trabalho, encontra um conhecido, era um velho amigo de seu pai querendo ter notícias da família. Não querendo parecer grosso, ele conversa com o senhor, a prosa fica boa e, de repente, Raimundo olha o relógio e ver que está atrasado. Entra no carro o mais rápido possível e corre, tem que buscar Alice.

Chega lá, Alice não estava na porta, espera mais um pouco. Alice demora, ele entra e é exatamente quando a professora o comunica que a menina já havia saído. Em pouco tempo corria feito um louco, o sol era implacável, o suor se misturara com as lágrimas, e o delegado Raimundo Nogueira Filho sentia como se não houvesse chão sob seus pés, era o pior dia de sua vida.

Alice tinha seis anos quando foi considera desaparecida, ninguém nunca soube do paradeiro dela. Seu pai investigou o caso durante mais de vinte anos, e, sem nenhuma pista, desistiu. Se considerava culpado, se não tivesse parado pra ter aquela prosa, talvez nada tivesse acontecido à sua menininha. O coração daquele pai não deixara de sangrar nem um dia sequer desde do desaparecido de sua filha

- O café já esfriou, Raimundo!

Raimundo não respondera mais. Um estrondo se ouviu do banheiro! Não era só seu coração que sangrava.

Escrito em 20/07/20 às 22: 37.