UM POUCO DA MINHA  HISTORIA QUANDO VIVI NO BRASIL
           (a foto eh da Ericsson, festinha de amigo Secreto, eu e
            meu chefe sueco, Ulf Bjorkert).

 

Comecei com 18 anos em S.Jose dos Campos, no CTA (Centro Tecnico de Aeronautica) como Datilografa.
Lembram-se daquele  cursinho  de como aprender a datilografar,  dado pela Remington? Passei bonito.
Quando tinha 18 anos, meu avo que morava com a gente naquele tempo
pediu para uma amiga dele Bibliotecaria, se ela tinha um emprego para mim.
E fui entrevistada e entrei para trabalhar no PMR (Pesquisa de
Materiais Raros), naquela epoca Morava em Sao Jose dos Campos.
Pegava o onibus de manha, aqueles vestidos curtinhos (como eh bom ser
jovem!) e la ia eu para minha aventura!
Trabalhar com militar nao eh facil! Tantas regras, e a gente nessa idade
detesta regras, ne? Mas sobrevivi e muito aprendi!
Fui entao trabalhar na NEIVA (Empresa Aeronautica). Um bom pulo de
Datilografa para Secretaria do Gerente de Recursos Humanos.
Depois de 1 ano, comecei a ser tambem  Secretaria de Relacoes
Publicas. Foi um bom tempo, respondendo cartas de criancas que se apaixonavam pelos avioes da Neiva, que mais tarde se uniu a Embraer.
Resolvi entao comecar um curso de Secretariado, e Ingles. Achava que a minha carreira estava definida.
Gostava de ser Secretaria!
Depois do Curso de Secretariado, comecei a Faculdade Letras, e me formei professora de Portugues/Ingles.
Minha carreira ficou excitante quando entrei como Secretaria Bilingue na
Ericsson para trabalhar com 3 suecos. Foi um tempo maravilhoso na minha vida!
Como foi bom conhecer esse povo tao maravilhoso, conviver com a cultura
deles. Tao doces eram aqueles suecos! La ia eu com o Gerente da Construcao da nova Fabrica da Ericsson para uma reuniao, e ficava o tempo todo traduzindo o que um falava o que o outro respondia. Adorava isso!
Depois, como os suecos eram responsaveis pela Construcao da nova Fabrica, eu ia trabalhar de jeans, botas, me enfiando no meio da construcao, enquanto fazia inspecao com os chefes me ditando os problemas.E como me sentia poderosa, quando chegava na minha sala e podia escrever um relatorio em duas linguas!
Quando eles voltaram para a Suecia, fui trabalhar no Escritorio principal da Ericsson,  Secretaria de outro sueco que era Gerente da Producao.
Bons tempos tambem, quando me envolvi muito com o pessoal da Fabrica, e era tao gostosa aquela convivencia.
Ate que sabendo que esse Diretor futuramente iria para a Suecia, resolvi tentar em outro lugar, e acabei entrando no mundo da Johnson & Johnson como Secretaria do Gerente de Planejamento e Producao. Na Johnson fiz uma trajetoria bonita de 10 anos, terminando como Secretaria da Diretora de Pesquisas.
Durante esses dez anos, cinco deles dei aulas de Ingles a noite para o Curso de Secretariado. Era uma correria, mas gostava demais de dar aulas, de conviver com alunos, de corrigir provas, e tambem de aprender!
Entao, parti para Sampa! Meu marido arrumou um emprego la, e comecei a tentar entrar em alguma empresa em Sao Paulo.
Tantas entrevistas que nao deram certo! Ate que me candidatei a Secretaria do Diretor de Materiais da Brystol Myers Squibb.
A entrevista seria no apartamento do tal Diretor, no Jardim Europa. Quando entrei, a empregada veio me receber de avental branquinho, um apartamento que parecia de artista de cinema. Um monte de salas com tapetes persas, objetos de arte. E eu me senti tao coloninha com meu terninho...rs
Entao la veio o tal Diretor, muito bem vestido, altivo,  a entrevista durou mais de duas horas, em Ingles e Portugues. Tropecei no Ingles, e muito! Mas no fim ele disse assim: "Voce nao esta preparada para esse cargo, mas vou apostar em voce! Voce precisa um certo "verniz"... (hahaha - meu marido brinca com isso ate hoje), vou torna-la uma Profissional de verdade!
E com esse homem eu aprendi muito. Ele era energico, mas trabalhou em mim e me fez uma digna Secretaria de Diretoria!
Depois quando estava prontinha,  ele teve um derrame. Entao fui a amiga, secretaria, meio enfermeira e psicologa.
Ele ficou trabalhando em casa uns tempos, e eu ia la com toda correspondencia. Acabei ficando amiga intima da familia, mulher, filhos, e  empregada,  ia tomar cafezinho na cozinha, e era sua confidente.
Acostumei com os tapetes persas, e a "finesse"...
La fiquei 5 anos...
Ate que um dia, meu marido me ligou e disse: "Fui transferido para os EUA! Vamos morar em Detroit, Michigan, por 3 anos!"
Voces imaginam o choque? Fiquei paralisada no telefone. "O que? quando?" E ele: "Em um mes!".
Embora fosse algo bom, foi assim um banho de agua fria. Bom num ponto, mas nao em outros. Eu nao queria sair do Brasil. Mesmo com todos os problemas que sabemos tao bem!
Sair do Pais da gente nao eh facil! Nao eh mesmo! Eh muito bonito, mas voce entra num mundo estavel, previsivel, mas cheio de solidao!
Minha ultima lembranca foi a gente na calcada do meu apartamento em SPaulo, esperando taxi, com montes de mala, minha filha pequenininha
no meu colo,e indo para o Aeroporto. Eu so chorava no taxi... O motorista ate que tentou me animar. Dizia: "Moca, olha como essa rua eh "arvorizada"...(rs).
Mas naquele momento, se passava na minha cabeca uma vida inteira, diversos rostos: meus pais, familia, amigos. Momentos. Minha cultura,
tudo!
E eu nao tinha nem ideia por tudo que iria passar!

(Proximo Capitulo - minha chegada aos EUA)

(desculpe a falta de acentuacao).
 
 
Mary Fioratti
Enviado por Mary Fioratti em 20/07/2020
Reeditado em 23/07/2020
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