RUMO AOS ESTADOS UNIDOS

Ali estávamos os três no avião, rumo ao desconhecido. Eu me sentia tão estranha! Vazia. Com uma indefinição dentro de mim. Um sentimento tão unico. Dificil de colocar em palavras.

E então, o pior aconteceu!

Depois de duas horas de voo, olhei para o rostinho de minha filha, (n
ós a adotamos no Brasil com 4 dias e ela estava com 1 ano) cheio de manchas vermelhas, o olho completamente inchado, quase nem abria. A boca inchada. Entrei em pânico. Meu marido sempre é muito calmo, e o equilíbrio dele em todos esses anos juntos tem sido essencial em minha vida.
Perguntamos se havia algum médico no avião. E lá vem dois médicos, um tira a temperatura 
e ela estava com mais de  40 graus de febre. Ele disse: "Vocês tem que parar em Miami e
lev
á -la direto para um Hospital.

Imaginem nossa viagem dali para frente! Íamos ao banheiro do avião passando água fria em seu corpinho, tentando diminuir a febre. E assim fomos até Miami. 9 horas de voo, e o coração apertado. Tão apertado! Eu já nem pensava mais em Estados Unidos. Já nem tinha mais medo. Eu pensava em minha filha. Somente nela.

O avião parou em Miami e fomos os primeiros a descer. Voamos para o banheiro, para dar mais uma vez um banho de
água fria, recomendado pelos médicos. Chamamos uma ambulância e a levamos para o Hospital.

No Hospital eu só ouvia os gritos dela no quarto (meu marido com ela, e eu rezando no corredor).
Ficamos no Hospital das 6 da manhã até as 8 da noite. Exames e mais exames ate que descobriram que ela estava com infecção nos rins. Saímos com ela medicada, fomos para um Hotel dentro do Aeroporto. Não havíamos comido nada, e nem estávamos com fome. Deitamos na cama e a colocamos no meio . Ela tinha somente 1 aninho, e tudo era tão assustador! A ultima coisa que eu pensei era perder minha filha. Aquela noite dormimos o sono dos justos. Estavamos exaustos!

 
Então isso me fez muito forte! De repente nada mais me importava: a mudança, o Brasil, parecia que eu havia levado um choque elétrico direto de uma tomada. Tudo que me importava era que minha filha ficasse bem. O resto eu enfrentaria de olhos fechados.

No outro dia entramos no avião rumo ao nosso destino. Descemos em Detroit, Michigan. Um tempo meio cinza
, era mês de Outubro. Eu olhava tudo como se estivesse em outro planeta. Uma sensação muito estranha. Parecia anestesiada.

A Companhia havia 
nos dado um apartamento mobiliado  até que nossa mudança do Brasil chegasse.
O bairro se chamava 
Royal Oak. Um apartamento bonito, cheio de espelhos na parede, tudo parecia tão grande, diferente. Mas frio. Como esses filmes americanos que a gente assiste, e acha tudo diferente. Um silêncio nas ruas (nem um cachorrinho latindo...). As pessoas formais, distantes e educadas.

E ali começaria nossa aventura.

Aprendemos que viver sozinhos em um Pais que não
é o nosso, nos torna fortes, com uma sensação de invencíveis.
Ningu
ém estava perto. A mãe, uma pessoa indispensavel em mudancas drasticas como essa, não  estava à mão. Nem a família, ou os amigos. As ligações telefonicas eram caras (que bom seria se tivéssemos o whatsap!).

O meio de comunicação era cartas… e alguns raros telefonemas no mês.
Havíamos vencido a primeira etapa...mas teriam muitas aventuras ainda!


Na  próxima conto como aprendi a dirigir na neve sem saber dirigir , como foi a luta com a língua, e muitas outras mais!

(Essa foto minha e da minha filha
é uma das minhas preferidas, tirada no Condominio que moravamos).

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Obrigada por todos que aqui passaram e deixaram mensagens na minha Cronica anterior.  Desculpem a falta de acentuação.
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Mary Fioratti
Enviado por Mary Fioratti em 21/07/2020
Reeditado em 21/07/2020
Código do texto: T7012930
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