Bisavô com as nádegas de fora
Estamos em São João da Barra e o ano é 1935.
Uma cidade pequena do norte fluminense com uma rua principal e poucas outras perpendiculares.
Com uma população de algumas centenas de pessoas todos se conheciam e as janelas o local mais valorizado das casas.
É nessa cidade que vamos encontrar o Sr. Alfredo Raposo, meu bisavô, bonachão e brincalhão de nascença. Era casado com a Dona Mariquinha e esta tinha uma irmã chamada Perpétua, uma velha brigona e temida que chamava a atenção pelo repertório de palavrões que usava sem nenhuma cerimônia.
Um dia Alfredo acabou de se banhar e foi ao seu quarto trocar de roupa. O armário daquela época era de madeira maciça e as portas do lado externo eram revestidas de espelhos que ocupava toda a altura da porta. Um luxo só.
Vestiu a camisa e quando ia pegar a cueca Perpétua passeando pela rua o chamou. Ele caminhou para a janela vestido somente com a camisa social. Do lado de fora parecia que estava todo vestido.
O papo rolou solto e Perpétua desfilou durante a conversa um festival de palavrões. De repente ao olhar por trás de Alfredo viu refletido no espelho da porta as solenes e brancas nádegas de Alfredo.
Um grito de espanto ecoou por toda S. João da Barra e foi só então que Alfredo reparou o que tinha acontecido.
Desnecessário dizer que imediatamente toda a cidade tomou conhecimento do fato inusitado e as nádegas de Alfredo foi o assunto principal da semana naquela pacata cidade.
Quanto a Perpétua ficou um bom tempo sem passar pela janela de Alfredo, mas no fundo ria-se a valer com episódio, apesar de externamente parecer extremamente emburrada e chateada com a falta de respeito do cunhado.