Meu melhor amigo

Quando eu tinha 12 anos conheci um amigo na escola. Meu primeiro amigo na verdade. Me lembro bem daquele dia. Eu havia acabado de mudar de escola, era um mundo novo. A escola que eu sempre sonhei em estudar. Eu estava lá tão animada com o primeiro dia.

E ele chegou, mas eu não conhecia ninguém. Naquele dia o entusiasmo foi maior que o medo. Encontrei minha turma e queria muito conhecer e andar pela escola nova. Foi então que encontrei meu melhor amigo. Ele se ofereceu pra me mostrar toda a escola. Ele era falante e divertido, me levou em cada canto e falou o nome de tudo. Aquele dia foi tão especial para mim. Desde então começamos a andar juntos para todo canto, mas não éramos uma dupla, havia um grande grupo de amigos e colegas.

Tenho tantas lembranças boas dele. Descobri que éramos da mesma igreja, então sempre nos encontrávamos nos encontros da igreja. A vida era mais divertida ao lado dele. Eu poderia ser eu mesma, sem medo algum. Eu sentia toda a confiança que há em alguém. Era como estar comigo mesma. Mas ele também me irritava as vezes. Ele tinha seus defeitos. Eu sei que também tinha os meus. Mas ele era meu melhor amigo sem sombra de dúvidas.

Aos 18 ou 19 anos, ele me contou que gostava de mim. Mas minha cabeça estava tão virada naquele dia para outras coisas e pessoas que não percebi que o que ele estava me dizendo era importante.

O tempo passou. Nos encontramos algumas vezes na faculdade. Algumas vezes na igreja. Sempre amigos.

E o tempo continuou passando e a gente se afastando. E então fui percebendo que aquela afinidade não encontrei em mais ninguém na vida.

Aos 29 eu contei pra ele que sentia saudades e que talvez eu gostasse dele. Que eu estava errada no passado.

Mas o tempo havia passado. O momento havia passado. A afinidade havia passado e eu não estava bem.

Senti saudades do meu melhor amigo. Senti saudades de rir junto, de ouvir música junto, de andar nas ruas e segurar a mão dele. De ouvir aquelas histórias loucas e dar palpites.

Ele se afastou e eu também.

A vida é traiçoeira. Perdi meu melhor amigo para o tempo sem me dar conta. E me pergunto se algum dia encontrarei alguém que seja assim como ele e queira estar perto de mim dividindo alegrias e tristezas.