GUARDACHOL

Eu estava fazendo uma caminhada numa alegre manhã de sábado. Saí da minha casa, dirigi-me ao bairro do chapadão um dos queridos bairros da cidade, lugar onde passei grande parte da minha infância. Resolvi dar uma volta por ali. Gosto muito de sair sem destino. Andei por parte desse bairro, cruzei a passarela para pedestres sobre a rodovia e cheguei ao local onde o fato aconteceu.

De inicio a manhã estava ensolarada, mas havia chovido à noite e como minha mãe falava: em tempo de chuva todo sinal é de chuva. Até o sol prenuncia a chuva. E de uma hora para outra o tempo mudou. Já estava chovendo quando cheguei à estação rodoviária.

Corri para me proteger embaixo do telhado do terminal e vi quando um senhor fazia o movimento contrário ao meu. Ele saia do telhado para a chuva e tinha ao seu lado o que chamamos de morcegão, um enorme guarda-chuva preto. Entendi que poderia sair para a chuva porque estaria bem protegida com aquela verdadeira barraca sobre si. Porém ao sair para a chuva ele permaneceu com o guarda-chuva fechado. Todos acharam aquilo muito estranho. Um dos taxistas do ponto ali do lado perguntou: -Sr. José o senhor entrou na chuva e não abriu o guarda-chuva por quê?

Ele disse. –É que eu me confundi, peguei o objeto errado. Suspeitei que fosse chover, queria pegar o guarda chuva, e com essa cabeça tonta que tenho acabei pegando o guarda-sol.

Eu segui meu rumo. Pensando se ele estaria falando sério ou era apenas uma gozação. Saí rindo e não prestei atenção se o homem abriu ou não o guarda-chuva , mas a partir daquele dia eu passei a chamar aquele objeto de guardachol.