NADA É POR ACASO

Há realmente qualquer coisa no ar além dos aviões de carreira.

Resolvi iniciar esse texto para falar sobre curiosas coincidências neste momento da minha vida com a frase famosa de Aparicío Torelly, o Barão de Itararé. E aí registro mais uma coincidência que o acaso me trouxe. Torelly adotou o título de nobreza logo após ver frustrada a anunciada Batalha de Itararé, na Revolução de 1930, entre as tropas fiéis a Washington Luís e as da Aliança Liberal, comandada por Getúlio Vargas. Os seguidores do caudilho eram procedentes do Rio Grande do Sul em direção ao Rio de Janeiro para tomar o poder. Mas antes que houvesse a decantada batalha mais sangrenta da América do Sul houve o acordo. Vai daí a adoção do nobre título por Torelly, em homenagem à “batalha que não houve”.

Voltemos ao início... Essas coincidências todas, acrescidas neste texto pela escolha da frase do Barão de Itararé, são reforçadas pelo fato de constar na minha identidade o detalhe; Natural de Itararé – SP.

Vamos lá! Não à querida Itararé, mas às coincidências que me cercam. A mais recente me desestabilizou. Na semana passada tive uma série crise de ansiedade. E não era para menos. Alvo completamente vulnerável às investidas do vírus, ando num resguardo total. Bem mais severo do que aqueles de antigamente que cercavam o puerpério, o período de 42 dias a oito semanas da pós-gestação. A minha quarentena já ultrapassou a marca de 150 dias! Nada mais natural que me venham à cabeça caraminholas assustadoras.

Para cortar o provimento de imagens, situações e fatos adversos resolvi implantar a censura em meu viver. Talvez por influência de alguns movimentos extracampo que se desenvolvem pela vida do país. Mas no meu quadrado eu quem faço a bola rolar. Portanto, chega de noticiários de televisão e rádio – nem cito jornais impressos por serem eles coisas do passado. Agora só plataformas de músicas e de podcasts de alto astral.

Seguindo a receita que estabeleci para oxigenar o pensamento decidi ver um filme que havia no passado no Cinema, no final da manhã. Almocei e fiz a busca para ver o desempenho de Leonardo di Caprio no filme dirigido por Martin Scorsese: O Aviador. Ajeitei-me no sofá, coloquei uma banqueta para repousar e elevar os pés (recurso para melhorar a circulação prejudicada pela diabete) e liguei a televisão. Tudo seguindo o figurino. Envolvida por bela música a imagem da mãe dando banho em seu filho. Ele, então, soletra, pausadamente, a primeira palavra do filme: Q U A R E N T E N A.

Desliguei a televisão e fui fazer o meu “reléqui”...

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