Três Seres

Calhou de se configurarem como pai, mãe e filho, mas poderia ser qualquer outra forma de relação: filho, filha e pai; irmãos; alunos e professor; filhos e mãe; amigos, ou simplesmente fadados a viver juntos.

Nunca foi fácil, sempre há uma tensão no ar, mas o passar dos anos tem acrescentado sentimentos de admiração e tolerância. Também os anos trouxeram a compreensão de que ninguém é perfeito e que a vida é vivida individualmente; o coletivo é construído diariamente, às vezes, a duras penas. Compromissos com o que se cobra de uma família dão lugar ao respeito pelo indivíduo. Julgamentos passam a ser menos emocionais.

E o núcleo vai se desenrolando, ora se aproximando, ora se distanciando, e o desfecho é uma incógnita. Viver em família é sempre desafiador. Expectativas, angústias, mágoas, cobranças, tudo isso é inevitável. Reconhecer a complexidade e exercitar o respeito e a confiança ajudam a fortalecer vínculos que vão além do sangue comum.

E os três seres seguem seus caminhos, ora compartilhados, ora paralelos, esperando que o destino de cada um seja comum ao dos outros dois.

(3 Outubro 2019)

Anelê Volpe
Enviado por Anelê Volpe em 09/08/2020
Reeditado em 09/08/2020
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