LISA
Por Airton Soares
Após a greve, o movimento no centro da cidade estava bastante intenso. Em certa repartição, a clientela, apesar do conforto, suava impaciente.
Ela entra. Todo mundo pára.
- Que pedaço!
- É demais cara, olha aí!
- Como é que pode, meu irmão, um negócio desse?!!
Os cochichos se multiplicavam em progressão geométrica. Uns olhavam deliberadamente as insinuantes sinuosas curvas; outros, ao menor entretenimento da mulher, se agarravam com unhas e dentes a estes raros momentos de gozo visual.
Seu "indo-e-vindo" com “requebros febris”, o responsável por todo alvoroço, despertava, nos homens, impulsos de animalidade.
Lisa, sentia-se feliz em seu mimetismo sexual. Afinal, queria mesmo era ter nascido mulher...