Conversa no supermercado 2

Conversa no supermercado 2

Cada um escolhe o que cultiva. Alguns estão tão viciados em negatividades que somente elas são capazes de mobilizá-los. Prestem atenção neste exemplo que demonstra o que estes viciados em negatividades fazem:

- O sujeito está com raiva do chefe dele. Sai com o carro e fica puto com alguém que passa na frente dele. Depois xinga o motorista que dirige mais devagar... -

O que ele está fazendo:

a) perpetuando o sentimento (a raiva)

b) ampliando e diversificando os focos do sentimento (vários motoristas passam a ser o foco da raiva)

c) atenção e observação são dirigidas para onde estão possíveis problemas

d) valorização de outros sentimentos que reforçam o primeiro (ele se “vinga” do motorista xingando-o)

O resultado é alguém totalmente dominado pela raiva, rancor, ódio e desejo de vingança. Isto é cultivado e perpetuado no tempo.

As letras a, b, c, d podem ser usadas em outro sentido também (no sentido do que é construtivo e positivo). Foi exatamente isto que fui fazer no supermercado. Alongar e cultivar as boas sensações pós-orgasmo. Eu estava alegre, dinâmico e satisfeito, desta forma é muito mais fácil diversificar a alegria e cultivar o desejo complementar de servir ao próximo (b, d): fui comprar ingredientes para um almoço especial que queria fazer. Observar o que estava sentindo e a satisfação de fazer algo bom ajuda a perpetuar o bom sentimento (a). Observar a realidade como fonte de satisfação e de oportunidades é essencial, assim fui ao supermercado e fiquei de olho em oportunidades que tornassem mais legal o meu “objetivo” (c) – foi assim que me alegrei mais ainda ao comprar queijo para fondue que estava em ótima promoção.

Observar a realidade em busca de fontes complementares de alegria e cultivar o que é construtivo é fundamental para quem quer ser um livre pensador. Observem que tudo o que lhes informo é profundamente racional e objetivo. As oportunidades são aproveitadas e a satisfação é ampliada, esta é a função e a meta.

Estava eu andando no supermercado observando as pessoas, as mercadorias e a mim mesmo. Em dado lugar encontrei uma senhora de idade avançada com a netinha comprando alimentos. A senhora, de poucas posses, comprava gêneros de primeira necessidade. Sua neta sonhava com algo a mais e a avó amorosa a informava da impossibilidade. Eu gosto de gente que luta e que vive segundo suas posses. Gostaria muito de lhes ensinar a ganhar mais, mas ... Eu observei a realidade do que acontecia e valorizei as duas. Eu senti respeito e carinho por elas. Eu aprendi a cultivar o que é positivo, aprendi a valorizar as pessoas e aprendi a CONCRETIZAR o que é bom. Concretizar o que é bom, seja na hora de uma bela trepada, seja na hora de ver um sorriso a mais nos olhos daquela criança. A maior parte das pessoas não perceberiam a situação ou, se percebessem, o egoísmo e a falta de costume em proporcionar o bem as fariam esquecer e se distanciarem. Onde se mantém o foco é onde se ganha ou se perde na vida.

Eu queria amplificar as belezas que estava sentindo e aquelas duas me deram uma oportunidade de fazer isto. Eu senti gratidão por elas. Através delas poderia amplificar o que havia de bom em mim. Eu tenho boas condições financeiras, tenho respeito, carinho e gratidão por elas, tenho dinamismo e coragem. Eu lhes pergunto: eu devia ou não dar um presente para aquela menina e sentir os seus olhos ficarem mais felizes?

Eu conversei com a avó e disse para ela levar as bolachas que ela queria; eu pagaria. A avó ficou sem graça. Eu disse para ela aceitar, pois eu ficaria muito feliz e me sentiria muito agradecido por poder ver uma criança feliz. Peguei um dinheiro e coloquei na mão da senhora para ela pagar. Ela agradeceu. E eu disse: que bom que senhora aceitou, hoje vou ficar mais feliz em saber que posso ser útil a alguém, além da minha família. Passei a mão na cabeça da criança e me despedi.

Agora enquanto escrevo penso: que bom que fiz isto. Algo de bom pulsa dentro de mim. E eu agradeço por ter aprendido a ser assim. Hoje eu vivo melhor, muito melhor.

ATENÇÃO: quem deseja ser um Livre Pensador deve estar pronto para concretizar, ou seja, realizar. Esta é a melhor forma da pessoa diminuir a importância do orgulho, da vaidade e do egoísmo. Aqueles que optam por realizar nada ou quase nada poucos recursos desenvolvem para se satisfazerem, é neste vácuo que surge a necessidade de compensar a pobreza da vida com fantasias, vaidades, orgulho, modismo, etc.

O que você poensa que acontece com a vida e com a mente de um cara que chega em casa após o trabalho e fica assistindo televisão ao invés de beijar, abraçar, conversar, fazer carinho e namorar sua mulher?

http://blogchicao.tripod.com/