Texto de amor sem título

Torrencialmente, lá fora, a chuva caía. Os carros se amontoavam em pilhas gigantescas, de um infindo congestionamento. Lá dentro, ele organizava a desordem do armário, das gavetas, da vida. Em meio aos livros, um papel amarelinho cai, aguçando a curiosidade intrínseca à alma.

Era uma cartinha dela, recheada de carinho,e lindas lembranças. No fim dos versos, um beijinho e o telefone no cantinho. A saudade bateu feito quem esmurra uma porta trancada, impulsionando a busca por quem nunca deveria ter ouvido um amargo adeus.

Torrencialmente, lá fora, a chuva caía. Lá dentro,o rei embalava a preguiça jogada no sofá. Detalhes tão pequenos daquele amor que eram tão difíceis de esquecer, subitamente dividiram com ela o sofá, o caldo verde, e o mate. Logo, desejou estar com ele, imediatamente, quis voltar ao tempo e fazer dela sua novamente.

Como nas clichês novelas, ele pegou o telefone e ligou para ela, incrívelmente o número ainda era o mesmo, apesar dos 13 anos da data daquele bilhetinho.

A conversa transcorria, cheia de lembranças, saudades, lágrimas, desculpas. Por fim, uma proposta, a de esquecer as águas passadas, e deixar fluir o rio do destino que insistia em desaguar naquele amor. Em meio ao romantismo do rei, um eu aceito, e um súbito fim para aquela longa ligação.

Torrencialmente chovia, a chuva ele enfrentava pois queria reencontrar sua doce amada.

Na frente do prédio ela o encontra, ensopado, na chuva eles dançam, se encharcam com os pingos daquele jovem velho amor que acaba de renascer.

Be Hurricane
Enviado por Be Hurricane em 13/08/2020
Código do texto: T7033915
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