Histórias... muito sobre o sobrenatural

Era o ano de 2005, minha mãe, Maria Vitória Florentino estava com 95 anos, lúcida, sua vida inteira foi uma luta, total 16 filhos, 4 faleceram em plena infância, perda de meu pai, que também se vai aos 53 anos. Dona Vitória também foi catequista por mais de 60 anos, trabalhava nos serviços sociais, paroquiais. Nessa empreitada toda incluía os teatros que era precursora na organização com seus alunos de catequese, agia como diretora, orientadora nas peças teatrais, até os efeitos especiais saíam de sua mente brilhante. Alguns teatros foram verdadeiros sucessos.

Eu, ávido pra continuar sua biografia que já havia começado, fui até a sua casa, apenas alguns metros, percebi que ela estava sentada na sua varanda como de costume, mente silenciosamente indagava o que se passava naquela mente que sempre foi pensante, atuante. Dei uma pausa para aumentar os segundos que faltava para o encontro. Então lembrei dos tempos passados:

Em várias décadas antes, minha mãe Maria Vitória deixava nós, os filhos menores aos cuidados de minhas irmãs que prontamente cuidava de nós. Esse deixar por algumas horas era para ir à igreja trabalhar para o Nosso Senhor, incluía, catequese, serviços sociais e outros mais relacionados com sua missão.

Fui lembrando de minha infância, tinha mais ou menos uns 8 ou 9 anos, num determinado dia minha mãe tinha ido realizar suas tarefas religiosas, minhas irmãs, Luiza e Elsa, estava cuidando de nós. Em determinado momento eu comecei a gritar, espernear querendo café, uma de minhas irmãs me disse:

--- espere, Lourenço, a chaleira que está fazendo café está no fogareiro em cima da mesa! Eu não satisfeito tentei ver se a água estava mesmo fervendo, umas polegadas a mais do que minha altura, aconteceu o pior: a água em plena ebulição é derramada em mim. Minha barriga toda queimada eu berrava de dor. As coitadas das minhas irmãs desesperadas, nem sei se elas ainda lembram desse episódio, mas eu lembro. Minha mãe é chamada minhas irmãs só diziam assim:

---- mãe, o Lourenço é teimoso, ele estava fazendo birra.

Meu pai, apesar de bastante calmo, (o contrário de minha mãe que era sempre agitada) deve ter repreendido minha mãe, assim:

--- É isso que acontece, Maria, por você não parar em casa, é só igreja!

Mas, minha mãe cuidou de mim até o meu completo restabelecimento, sempre me dizendo graças a Deus não aconteceu o pior, eu sempre peço proteção a Jesus pela minha família, suas palavras eram um lenitivo para as minhas dores que por alguns dias eram terríveis, ela me contou um fato acontecido:

---numa certa ocasião estava na missa, na hora da consagração da hóstia, eu escuto uma voz:

--- vá pra casa agora! Fui na mesma hora, demorei uns vinte minutos pra chegar, chegando em casa deparo com uma de minhas crianças com mais ou menos 3 ou 4 anos afogando numa mina d’água que nós possuíamos. Só aparecia as perninhas pra fora da água, imediatamente puxei e salvei essa criança.

Eu ouvia atentamente a história e depois falei:

--- mãe, essa criança era eu, tenho uma vaga lembrança que ao aproximar da mina, escorreguei, com a cabeça e a metade do corpo dentro d’água, estava mesmo afogando, uma pessoa me puxou pelas pernas.

--- Há! Então era você! Viu como Jesus te salvou?

Devo lembra-los caros leitores se estiverem lendo até aqui, lembrei de tudo isso de minha infância nos poucos segundos que ia levar para conversar com minha mãe que estava em sua varanda. Quando cheguei o diálogo começou, fui logo dizendo:

--- e aí dona Vitória, vamos continuar suas histórias?

--- vamos sim, mas primeiro quero te perguntar se você pelo menos vai na igreja de vez em quando, tens confessado pelo menos uma vez por ano...

Eu consegui a interromper dizendo:

--- espere aí, mãe, vamos focar naquela vez que a senhora converteu um homem, ele era ateu, foi pano pra manga, não foi?

--- ah! Sim, (a mente dela se iluminou, parecia que toquei naquilo de máxima importância pra ela) mas não foi eu que converti o homem, foi Deus, meu filho!!! Então prepare aí porque essa história é longa!...

ESSA HISTÓRIA É LONGA SIM, MAS NÃO DEVO CONTINUAR NESSA CRÔNICA PRA NÃO SER MUITO CANSATIVO...

MINHA MÃE FALECEU EM 2010, MAS TENHO SUAS HISTÓRIAS REGISTRADAS, ALGUMAS ATÉ MESMO CONTADAS NESTE INEBRIANTE RECANTO DAS LETRAS.