A BELEZA DE UM NOME
 
Adoro o Benício, o Barbosa e o Santiago! Benício, por possuir uma força paroxítona de imensurável grandeza. Barbosa, idem, não fica em nada a dever ao Benício nesse item de força tônica que a palavra lhe confere. E o Santiago? Ah, Santiago! Esse nome tem a suavidade de um plácido lago onde Tchaikovsky se inspirou e que, em dias de intenso calor, lá estão belos cisnes a nadarem. É, também, onde a lua cheia vem – com o seu indefectível narcisismo – extasiar-se com a própria beleza refletida no belo espelho que as águas formaram.

Alguém, por certo, há de perguntar:
-Por que essa desenfreada paixão pelos citados nomes?
Aos indagadores respondo:
-Esse belo conjunto forma o prenome e nome de um grande e imensurável homem: Benício Barbosa Santiago – Vovô Benício! Vovó Glicéria, carinhosamente e com o seu gostoso linguajar, o chamava de Biniço. (Voltemos ao amado Vovô!) Nome e pessoa formam, felizmente, um belo par.

Era – como costumam dizer – carne e unha. A força linguística dava ao meu velho, uma, também, força física e moral raramente encontrada dentre os homens. Benício era forte. Barbosa alicerçava-o. E Santiago lhe dava aquela serenidade típica dos grandes homens e dos afetuosos e compreensíveis avós. E ele – vovô Benício Barbosa Santiago – era tudo isso e muito mais. Possuía um corpo hirto, forte, onde não se encontrava um grama sequer de tecido adiposo.


Nato artesão (Era um renomado talabarteiro!), trazia nas mãos os calos da profissão a qual abraçou. Era um mago no fabrico de laços, cabrestos e chicotes, tudo feito em couro cru. Por temer o ataque dos ratos às suas peças artesanais, vovô criava – em zoológico particular e, também, seu atelier – um amontoado de gatos. Os gatos não eram somente os componentes da sua guarda. Eram ainda, os amigos com os quais vovô brincava cofiando-lhes os pelos, acariciando-lhes!

Vovô era tudo isso e mais: era terno, amigo, sábio e compreensivo para com todos, sendo, por isso mesmo, amado e admirado.
 

Ontem, era apaixonado pelo homem Benício. Hoje, e eternamente, estarei reverenciando a sua figura plástica, imortalizada para sempre nas imagens que em meu cérebro estão arquivadas e para sempre guardadas no meu saudoso coração, daquele que foi o maior de todos os vovôs que Deus mandou para o mundo. E esse mundo, caro vovô, não poderia se dar ao luxo de abrigá-lo em nosso meio. O cruel mundo se tornou indigno para tão nobre coração. E Deus, na sua magnânima sapiência, pinçou-o para os píncaros da glória celestial. Você sabe, caro e amado vovô, que o amo e adoro-o. Não o tenho, hoje, ao meu lado. Contudo, trago-o guardadinho, em um especial cantinho do meu coração. Nós ainda nos encontraremos.

Até mais, grande homem, saudoso amigo, amado e adorado vovô Benício Barbosa Santiago!
 
 A saudade do ente amado nunca deve ser morta. Ao primeiro reencontro, ela deve ser cultivada como uma delicada plantinha para que, depois da próxima partida, ela possa crescer e gerar uma linda flor à qual denominaremos como sendo: uma nova saudade! 

Texto: Altamiro Fernandes da Cruz
Imagem: Google
Altamiro Fernandes da Cruz
Enviado por Altamiro Fernandes da Cruz em 19/08/2020
Reeditado em 19/08/2020
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