[ anticrônica #2 ]

um homem apaixonado é frágil e indeciso. busca saber o que sente e se há verdade naquilo que sente.

um apaixonado sente ciúmes e medo.

um homem apaixonado carrega o segredo de seu amor e se sente, por vezes, demasiado, indefeso.

ao contrário dos que dizem que o amor fará com que todos sejamos invencíveis e impossíveis.

é antes o silêncio da casa, a abrigar-me do frio de lá fora.

quatorze graus e este amor — platônico? — que carrego no peito.

este peito único. esta fragilidade única que oculto, salvo quando olham em minha boca o movimento da pronúncia de um nome e não entendem mais que um sussurro que não amansa, antes regressa o homem que sou ao homem que fui.

e mesmo que eu seja quem sou, falta-me ela, falta-me a certeza de que seja ela. e não uma fantasia. e não um desejo. nem mesmo a saudade óbvia que sinto há muito.

um homem apaixonado entra em conflito com a sua paixão.

também o homem apaixonado, fica triste e perdido quando apaixonado.

o amor — platônico? — entristece.

o amor — platônico? — perde. porque busca-se respostas para perguntas que mal tiveram tempo de serem elaboradas.

e é sempre uma pressa; e é sempre um medo.

nenhuma verdade nasce da pressa; nenhuma resposta nasce da pressa.

será preciso a paciência que não aprendemos ou que perdemos quando amadurecemos e fomos mecanizados quase que a ponto de não sorrirmos.

um homem apaixonado dá muitas voltas e, por vezes, acaba tropeçando em seu próprio coração.

e o reconhece, por fragilidade.

e o desconhece, por indecisão.

por fim: um homem apaixonado, por vezes nega, a sua própria paixão.

e será preciso imensa coragem, e imensa honestidade, para dizer: eu te amo.

[ correndo o risco do não...