Brincar com bonecas

Oi,menina bonita!

Quisera saber seu nome, seu endereço, onde vive essa florzinha despedaçada.Certamente faria chegar até você o meu abraço,na forma de um lindo presente. Mandaria prá você um livro, também, de estórias encantadas .Elas curam, você sabe?

Sabe, Florzita, algumas pessoas são escolhidas para experimentar certos remédios, ruins,marcantes, doloridos para a Vida inteira.O gosto deles vai ficar para sempre, mas talvez lhes esteja reservado um doce sabor, maís à frente, que lhes dará um rumo, um chão.

Sabe, Florzita,foram quatro anos de sofrimento,não?Talvez até mais, pois não sabemos o tamanho real da maldade.

Sabe, Florzita, gostaria de ter você no meu colo, cantar uma bela canção que só mães e avós sabem cantar.Gostaria de lhe abraçar, e falar ao seu ouvido que isto vai passar

Sabe, Florzita, judiaram de você!Da forma mais cruel que alguém possa fazê_lo, covarde e cruelmente. Ele, o monstro, foi real na sua estória, e imagino que teve cara de terror,fala nogenta, mãos fortes, corpo de luxúria pressionando o seu.Imagino a primeira vez, a outra, as outras.

Sabe, Florzita, criança deveria estar excluida da linha do sofrimento

Sabe, Florzita, senti dores ao conhecer sua estória,e uma vontade gigantesca de lhe dar colo, abraço, cheiro bom de Amor.Faço isto através das palavras, que talvez cheguem até você!

Sabe, Florzita, você gerou uma outra Flor, que teve que ser colhida antes de nascer, arrancada do jardim com cinco meses de Vida.O sentido dessa trajetória,da criança gerada e com tanto sofrimento abortada, não cabe aqui.Ela, sua boneca, já foi resgatada por Deus.Não mais sofre.

Sabe, Florzita, minha Oração da madrugada abraça você.Meu Amor de mãe alcança você, em um longo e apertado abraço.Desejo que a Vida lhe conceda alguma chance de ser feliz, enquanto houver sonhos.Neste momento,meu coração canta para você a mais bela canção de ninar!

Fique com Deus, Florzita.

Nossa Mãe ilumine seu caminho!

.(Crônica de Nádia Monteiro da Silva_18/08/2020)

Sororidade Contada em Prosa e Verso
Enviado por Sororidade Contada em Prosa e Verso em 25/08/2020
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