A Procuração
A PROCURAÇÃO
Data: 29 FEV 2007. Neste dia outorguei uma procuração a uma firma de advogados de Brasília e, só por capricho, datei-a de 01 MAR 2007.
Neste mesmo dia 29, à tarde, fui ao cartório local onde tenho assinatura registrada e solicitei o reconhecimento de firma. A moça que me atendeu mal botou os olhos na procuração e já foi dizendo:
_ Não vai dar para reconhecer.
_ Por que não? Perguntei.
_ A data.
_ O que é que tem a data?
_ A data é de amanhã.
_ Eu sei, e daí?
_ A minha chefe não vai reconhecer a firma porque a procuração está com a data do dia primeiro e hoje é dia 29.
_ Minha filha, a data da procuração não tem nada a ver com a data do reconhecimento da firma. Leve a procuração para a tua chefe que ela vai reconhecer.
Do balcão vi a moça se dirigir a uma senhora com cara de chefe sentada lá no fundo do cartório. Conversaram alguns segundos e logo vi a chefe fazer enérgicos movimentos negativos com a cabeça. É hoje, pensei. Não deu outra. A chefe veio em minha direção, brandindo a procuração com a mão erguida e dizendo:
_ Não vou reconhecer! Só amanhã!
- Minha senhora, a data da procuração indica tão somente a partir de quando a procuração passa a viger. No presente caso, essa procuração aí passa a ter vigência a partir de amanhã, mas nada impede que a senhora reconheça a minha assinatura na data de hoje. A senhora compreendeu?
- Não vou reconhecer e pronto!
- Mas por que, meu Deus?
A princípio ela ficou muda, depois pensou um pouquinho, me olhou bem nos olhos e me tascou essa:
- E se o senhor morre de hoje pra amanhã?
Mediante tal argumento, e sem ter a quem recorrer, aprendi o que é se sentir impotente. Saí do cartório pisando duro e resmungando.
No dia seguinte minha esposa foi até lá e a assinatura foi reconhecida tranquilamente.
Me acontece cada uma aqui na vila...
Elias Ellam