(Este foi um Jornalzinho que foi publicado na Cia. que o Roque trabalhava)


QUANDO NOS TORNAMOS CIDADÃOS AMERICANOS
 
Viemos para Detroit, Michigan em 1990. Mudamos para Cincinnati, Ohio em 1994 quando meu marido foi promovido.
Acho que já contei antes que quando viemos para cá, seria por 3 anos. E eu praticamente ameacei o Roque: “Só fico 3 anos, nem um dia a mais”. Bom, já estamos há 30…  rs

Quando foi perto do ano 2000 começamos a amadurecer a ideia de nos tornarmos cidadãos americanos. Isso porque não teríamos que desistir de nossa cidadania Brasileira, porque se o preço fosse esse, eu sei que não teríamos feito.

A verdade é que sendo cidadão americano, facilita muita coisa, principalmente para viajar quando a gente não precisa do visto, alem de outras vantagens. Com os dois passaportes, só é preciso prestar atenção : quando saímos dos EUA para o Brasil, entregamos os dois passaportes, quando entramos no Brasil, entregamos somente o Brasileiro. Na volta, mostramos os dois passaportes para ir, mas entrando nos EUA somente o passaporte americano.Por enquanto o Brasil aceita duas cidadanias, assim como os EUA.

Resolvemos então fazer o tal exame. Além de muitas copias  de documentos, e muitas folhas preenchidas, eles enviam por carta 100 perguntas sobre o EUA. Você tem que estudar as 100, porque no exame, que é oral, você sorteia na hora 10 perguntas, e tem que acertar 6.
Perguntas sobre a Constituição, o Sistema  Economico, estados, historia, Presidentes  e outras. Algumas perguntas requeriam respostas longas e detalhadas,  e eu estava pedindo a Deus que eu não sorteasse essas.

Antes de fazer esse exame, coloquei essas perguntas num email e mandei para meus amigos americanos. Eles confessaram, que provavelmente não passariam no teste. rs


No dia do exame, chegamos cedo. Fui chamada primeiro. Um senhor muito formal e que me deixou muito pouco a vontade, me estendeu uma Caixa onde as perguntas estavam dobradas. Tirei os dez papeizinhos com aquele frio na barriga (butterflies in the belly - como os Americanos dizem).

Antes ele fez muitas perguntas (para testar o Inglês), perguntas em geral, da minha vida, onde Morava, o que fazia,  etc. E enquanto eu falava, ele escrevia. Eu comecei a fazer perguntas para ele  acho que para aliviar a tensão... e ele me disse: "Minha sra. quem faz as perguntas sou eu!". rs


Então vieram as perguntas e vi que peguei 3 das  longas, e suei…. Mas eu disfarco tanto  que ninguém nota que estou nervosa (essas horas acho que eu daria uma boa atriz de novelas).

Das 10 errei 2. Depois havia Teste escrito, curto, onde ele manda voce 
 escrever sobre um tema em quinze minutos, com 20 linhas (acho que por isso eu consigo seguir direitinho as regras das  20 linhas do BVIW toda semana). Sai de lá com um papel carimbado, mas  o verdadeiro certificado seria entregue em uma  cerimonia  que seria na semana seguinte.

Em seguida chamaram o Roque, e ele passou pelo mesmo processo. O bandidinho não errou uma pergunta. E veio com o tal papel carimbado.
Nos abraçamos, saímos de lá e fomos comemorar, almoçamos fora num restaurante gostoso na cidade. Haviamos vencido mais uma etapa nessa Pais.
Quando voce vem para um Pais somente com seu marido e filha, existe uma ligacao muito especial entre a gente, diferente de tudo que voces possam pensar. Eh uma uniao "de guerra", estou aqui, para o que der e vier, conte comigo, vencemos, etc...


Na semana seguinte, fomos na Comemoração. Foi num Auditório muito bonito, e estava cheio. Japoneses, Alemães, Holandeses, Canadenses, Brasileiros, Chineses, uma mistura só!
O nome de cada um foi chamado e quando subi no palco, lembrei da sensacão de quando me formei na Faculdade, com a diferença que eu estava recebendo meu titulo de Americana.

Depois todos juntos cantaram o Hino Americano, uma hora muito emocionante. Eu havia estudado todas as palavras daquele Hino. Vou dizer uma coisa para vocês. Eu choro muito quando canto Hino. Seja ele Brasileiro ou Americano. Me da uma emoção tão grande! Cantei e chorei tudo que eu tinha direito, com uma mistura de sentimentos que e dificil explicar. Dentro do meu coracao, dois Paises juntos. 

Ha uma parte do Hino Americano que me emociona demais. Quando, no meio da guerra, eles enxergaram a bandeira Americana ondulando com o vento no ar.... mostrando que nada estava perdido.

And the rocket’s red glare, the bombs bursting in air,
Gave proof through the night that our flag was still there.
Oh, say does that star-spangled banner yet wave
O’er the land of the free and the home of the brave?

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E o brilho vermelho dos foguetes, as bombas explodindo no ar, Nos deu a certeza durante a noite que nossa bandeira ainda estava lá
Oh ! sim aquela bandeira ainda ondula
ou é a terra dos livres e a casa dos bravos?

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Tivemos a oportunidade de ha alguns anos atras ir para Baltimore, Maryland, onde visitamos o Fort McHenry, o local onde a guerra aconteceu. Vimos a bandeira que foi guardada e ondulava no ar...e que inspirou um jovem de 35 anos Francis Scott Key a escrever essa letra. E isso aconteceu quando presenciou o bombardeio desse Fort MacHenry por navios Ingleses na Batalha de Baltimore na Guerra de 1812.


Bem, voltando ao assunto, na  semana seguinte recebemos pelo correio uma enorme Caixa com uma Bandeira americana, dando-nos o “Welcome to our Country!" assinada pelo Presidente George Bush.

Admiro muito os Estados Unidos, e aqui que conseguimos uma vida boa, segura, mas o Brasil é ainda aquele lugar que puxa pela minha emoção mais forte. Só me sinto  eu mesma andando pelas ruas do meu Pais de origem,  comungando o mesmo sentimento com meu povo, falando a minha língua.

Mas aqui estamos, há 30 anos, e não pretendemos voltar. Mas, tudo nessa vida e uma surpresa, e aprendi bem a frase: "Never say Never"... pois como dizem, o futuro a Deus pertence.

 
Mary Fioratti
Enviado por Mary Fioratti em 27/08/2020
Reeditado em 27/08/2020
Código do texto: T7047552
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