UMA INTERLOCUÇÃO SEMPRE INTERESSANTE. INVEJA; ESPAÇOS ESPIRITUAIS; ESPERANÇA.

"PARA ANA BAILUNE, DARTAGNAN E BERNARD."

Faz um ano que manifestei essa crônica. À exceção de Bernard, com fortes laços de amizade, vejo cessada a interlocução anterior. São os viés costumeiros da internet. Ana Bailune com acesso vedado aos não cadastrados, o que não deixa de ser um direito seu, mas impedimento do trânsito de ideias, sofre com agressões diante de sua franqueza e proposições afirmativas, Dartagnan que esporadicamente visibilizo sem comentar, continua sua saga esperançosa e a recusa das mesmas agressões que sofre, como Ana. Aos dois, adito que nada muda as personalidade que nada buscam para construir, Ana vedando acessos incontinenti, o que não faz Dartagnan, preocupado com sua venerada democracia cultuada. O que vale é prosseguir na publicação de ideias, sem dar importância ao que nada tem de importância. O mundo não está centrado em nós, mas fazemos parte dele e quem sabe podemos melhorá-lo. Não podemos amordaçar nem aos maus, para expor o que não se deve fazer, nem dar realce ao contraste com a civilidade, mas apontar o desgaste da postura, simplesmente apontada a negatividade, sem avançar em contraditório que não constrói. Não se exerce o contraditório quando não há conveniência por manifestações impróprias.

Disse então: “Uma interlocução sempre interessante, motivadora, aqui no Recanto. Temos a espiritualização do Bernard Gontier, a permanente e esperançosa posição de Dartagnan, e a sensibilidade que agora abordo da nossa Ana Bailune, mescladas em comentários.

Um misto de ideias e interiores se desenha. Em uns - passo a falar no plural - a esperança nunca morre, em outros o privilégio de frequentar outros espaços deixa a realidade mais forte, sem apagar a plenitude do ser, ainda que alcançada aos poucos, e uma outra legião indica a guerra em que se envolve o homem desde que surgiu, e entre sentimentos menos nobres, como a inveja, vai infestando e desenobrecendo o mundo.

E temos esse quadro desenhado nos comentários de estimados amigos, que tanto considero com todas as respeitosas divergências que possamos ter, as mesmas que aguçam somas como considerando o pensamento do Bernard, o que agora faço com a especial Ana, amiga de outras passadas também em discordâncias.

Sim Ana, a inveja é forte, e torna o homem vil e baixo, e tanto, e muito, que embora romanceada nas sagradas escrituras, começou sua história mais conhecida e celebrada com o fratricídio, com Caim que matou o irmão Abel, o que tanto cito por aqui, e assim levou a marca de viver por muitíssimos anos com o sinal indelével da insígnia do pior mal, a inveja, para ser exposto como invejoso fratricida mundo afora, em vida longa, e expiar e cruciar sua punição.

Pode-se dizer que a inveja é o mais devastador mal. Meça-se seu alcance.

Veja-se se não é mãe de todos os outros filhos que habitam infernos interiores. Por ela se deseja o que o outro tem, o que o outro sabe, o que o outro representa socialmente, o que o outro possui de beleza, carisma, dons, agraciamentos pela sorte na vida. Daí a belicosidade que nos fala Ana, e endossa Nietzsche. Tudo pela guerra de alcançar o que se almeja pela inveja. Este o parto de dor que faz parir no mundo tantas desgraças e desamores, que mata o sonho de ser gente e faz do crime o meio e o modo de caminhar, ou que se põe recôndito a sofrer com a felicidade do outro, espiando de longe desejos pessoais irrealizados.

Hoje se inicia uma dessas batalhas pela inveja, que vai demorar por desnecessário exibicionismo da ribalta. Peça esperada pelos atores.

A peça todos conhecem. No palco o bem e o mal de que fala Nietzche.

Personagem indiretamente principal nessa cena quem com invulgaridade e singularidade se colocou no cenário pelo acaso da vida, como julgador, e que é alvo de muitas invejas pela celebridade de julgar, discretamente e com proficiência, qual destino daqueles que pela inveja cometeram crimes. Crimes de Estado e contra a nação, e que arrastaram criminosos comuns de todas as colorações; o que está em jogo por interpretação de princípio já pacificado no mundo nos tribunais.

Mas a inveja e a ruína em causa própria de alguns não deixam que essa pacificação ancore em porto brasileiro.

É um juiz como todos os outros, que são sérios, mas um incansável e discreto trabalhador. Fechou em meio a ações inovadoras a porta da inveja.

Se pretende pela inveja, também, almejando o esplendor de palmas da nação, quando são escorraçados nas ruas, abrirem alguns essa porta para que ela continue a peregrinação do mal.

O homem surgiu para viver em paraíso de delícias, o Éden. É a mensagem da criação revelada pelo primeiro dos cinco livros do Pentateuco, o Gênesis. E ordenou que cultivasse e guardasse o paraíso, determinando que se afastasse o homem da árvore da ciência do bem e do mal.

Começava aqui a marca da supressão da inocência pelo ato de escolha, a ruptura da delícia de viver em um paraíso, sem necessitar do trabalho, de existir na plenitude da humanidade, doada sem maiores exigências, havendo desconhecimento do egoísmo já que desconhecida ainda a virtude, só conhecida a inocência.

E o homem inaugura o caminho que embaraça a humanidade até hoje; ficou com o mal no abraço da árvore da ciência que, felizmente, ainda pode ser salva no avanço para a perfeição perdida.

"Por que você se assusta? O que acontece para a árvore, acontece também para o homem. Quanto mais deseja elevar-se para as alturas e para a luz, mais vigorosamente enterra suas raízes para baixo, para o horrendo e profundo: para o mal." - Friedrich Nietzsche

Estamos diante da didática do erro. A árvore que ganha altura precisa de maior base, mais se enraíza, isto não se assemelha a ir ao encontro do mal, mas ao encontro de se fortalecer para mais crescer. Da mesma forma que o homem que busca alturas espirituais se introverte e se aproxima mais do silêncio, de seu interior, de suas raízes, de seu Deus; e o faz para crescer espiritualmente. Incrivelmente falsa a proposição do filósofo.

É isso Ana, belicoso sim o homem, e invejoso maximamente.

Esperar que isso mude sempre se esperou, mas vamos perdendo essa batalha dos bons. Quem? Nós, eu você, Bernard e Dartagnan? Não, todos os que têm boa vontade.

Comentários

25/10/2019 10:54 - Ana Bailune

Sim, Celso, assino na linha pontilhada! Grata por citar-me aqui entre pessoas tão bacanas e tão sábias, incluindo você. Abraços!

17/10/2019 16:45 - Cândido Paulo Domingues

Parabéns Celso Panza pelo texto, belíssima crônica. Abraços.

17/10/2019 15:58 - Dartagnan Ferraz

Celso, saiu morre em vez de morte. É outroscerrros. É o meu estilo. Abraço

17/10/2019 15:57 - Dartagnan Ferraz

Celso, obrigado por votar meu nome ao lado de Aninha, uma Mestre da palavra e do talento absoluto de Bernard, só tenho a dizer é que todos temos o nosso estilo, verdades, fraquezas e sonhos. Quanto à inveja, fico com Quedo: "A inveja é magra e pálida porque morre mas não come". Abraço

17/10/2019 12:58 - Bernard Gontier

Prezado Celso, muito honrado pela menção em seu texto fabuloso, e aproveito para salientar o arguto comentário da sra. Shila. Nada a acrescentar ao seu brilhante trabalho de raciocínio. Talvez, fazendo um caminho paralelo, faço uso de outro, que de certa forma tem conexão com a situação abordada. Em toda sociedade coexistem, de maneira mais ou menos autônoma, vários critérios de julgamento do valor dos seus membros. A religião, a fama, a riqueza, os altos postos na hierarquia governamental, empresarial e militar, a moralidade convencional, as realizações na esfera da alta cultura, etc. Nas últimas décadas, por toda parte mas especialmente no Brasil, duas modificações drásticas aconteceram nesse sistema de escalas. De um lado, a identidade ideológico-partidária, que era um fator neutro, se tornou um dos critérios principais. De outro, a alta cultura simplesmente perdeu seu poder valorativo e se tornou subordinada aos outros critérios. Fraterno abraço.

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Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 05/09/2020
Reeditado em 05/09/2020
Código do texto: T7055288
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