PÂNICO

Acordou agoniada, suada e em Pânico. Olhou em volta, não se reconheceu, nem conheceu nada ao redor. Sentia dor e não respirava normalmente. Pensou:’

- Meu Deus, onde estou? Ou melhor, quem sou eu?

Procurou se erguer, não conseguia. Tentou falar, nada, alguém a estava mantendo em cativeiro e sem nenhuma mobilidade. Ela pensava que aquilo era realmente cruel, além de prendê-la, ainda a estavam mantendo de barriga para baixo. Lembrou-se de que o mundo, lá fora, está virado de pernas para o ar! Será que ela estava sendo mantida como escrava sexual? Deus, tomara que não. Estava tão frio! O medo era assustador, poderia ouvir o barulho do sangue bater nos ouvidos, uma sensação terrível. O que iria fazer? Quem a estava mantendo naquele lugar tão vazio, estranho e cheio de fios. A mulher sentiu que tinha algo em sua boca, chegava a ultrapassar a sua garganta. Escutou a porta sendo aberta, pessoas falando. O coração dela estava com uma adrenalina terrível, por pouco não saia pela boca. Ainda bem, ela pensou, que estava com aquela coisa na boca, se não iria vomitar. A bílis estava para se derramar pela boca e aquelas pessoas lhe pareciam estranhas, mascaradas e com uma espécie de viseira, será que eram humanas? Ou extraterrestres, quem sabe? A dor no tórax era insuportável, parecia que alguém mantinha a cabeça dela submergida na água, a fim de tirar-lhe a vida. Achou que, talvez estivesse em um laboratório de testes e ela seria a cobaia. Mas de que, meu Deus? Estava novamente entrando numa escuridão cruel, desumana, talvez, quem sabe estivesse em uma espécie de abismo, sei lá, podia ser o mundo do deus da morte, Hades, só podia ser o limbo. As vozes gritavam que não poderiam segurar mais, que a estavam perdendo, mas o quê? Ou quem? Então, naquele momento ela acordou e percebeu que havia sonhado, entubada com COVID-19, aff, ainda bem que não era verdade. Porém, Lembrando-se daqueles que realmente estão naquela situação. Ela foi um pesadelo, mas, na UTI, existem sonhos sendo destruídos, medo, solidão e agonia, sem saber se está morta ou viva. Nesse momento, ela chorou como uma criança, depois de perder um doce, tirado por um adulto, torturador infantil. Um choro de compaixão e respeito a mais de cem mil mortes e mais de um milhão de infectados com essa doença, que ao contrário do que dizia: Não é uma gripezinha...

Fátima Sá Sarmento
Enviado por Fátima Sá Sarmento em 08/09/2020
Código do texto: T7058260
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