RUMO À LUZ DO SOL

          Ontem, mesmo estando em baixo astral, após escrever minha crônica diária, Minha mulher propôs que fôssemos ao clube que frequentamos para nos distrair um pouco. Após confirmar que estava aberto, mesmo com algumas restrições, para lá nos dirigimos. No caminho meu humor já começou a melhorar. Ao chegar notei muitos carros no estacionamento. Não estava lotado, mas tinha muita gente. Ao me instalar numa espreguiçadeira sob o sol, arrodeado de gente me senti vivo. Fui envolvido por uma espécie de euforia inebriante. As crianças brincavam alegremente dando fim a uma abstinência prolongada de brincadeiras e longe dos amiguinhos. As cores das plantas estavam mais vivas. Parece que tinha mais pássaros do que de costume, algumas araras fazendo uma algazarra no topo dos coqueiros. Não bebi nada de álcool, já estava bêbado de alegria com aquela mudança. Mas não estava sozinho, a alegria contagiante presente em todos os rostos, Mesmo os que usavam máscara, sorriam com os olhos de maneira esfuziante. Havia menos mesas e cadeiras na área da piscina por conta de um distanciamento ainda prudente. Ninguém reclamava de nada, nem falava de pandemia, crise econômica, política nada daquilo que nos massacrou durante os seis últimos meses. O restaurante do tipo "Buffet" também apresentava algumas modificações, como o uso obrigatório de luvas na hora de servir a comida além das já conhecidas, álcool em gel, aferição de temperatura. Passei ali horas muito agradáveis, conversei com alguns amigos, conversas positivas e de esperança. Não nos víamos há seis meses, não tocamos em assuntos negativos, parecia um código. Trocamos indicações de vinhos, filmes, falamos do retorno do campeonato brasileiro da reabertura do comércio, e de toda movimentação no sentido de acordar-nos do pesadelo e nos recolocar caminho, na vida que tínhamos no começo do ano. Claro que haverão reduções de expectativas mas o foco deve ser o mesmo, retornar aos trilhos do otimismo. O baque que tivemos foi grande no mundo todo, e suas consequência ainda estarão presentes por muito tempo. Algumas talvez fiquem de forma permanente. O grande ensinamento que deve ficar desse episódio sanitário mundial, é a consciência da fragilidade dos seres humanos. O Pânico se disseminou de maneira democrática na pirâmide social. Ricos, pobres, classe média, pretos, brancos, mulatos, índios, asiáticos, letrados, ignorantes, arrojados, tímidos, todos, sem exceção experimentaram a sensação de impotência e de paralisia diante do desconhecido. Ficou claro que cada homem, independente de qualquer condição, tem o mesmo valor na escala da vida. As máscaras que estamos usando vieram cobrir muita arrogância, prepotência, sordidez, preconceito, e outras vergonhas que nos foram expostas a céu aberto. E ainda, que devemos olhar mais, falar menos e nos preocupar com o bem estar de todos. Estamos caminhando para o final desse dantesco episódio. Bandos de phoenix já começam a emergir das cinzas. Logo tudo será passado. Ficarão apenas as lições que sinceramente espero que os homens tenham aprendido. Vamos nos reerguer, caminhar juntos deixando para trás esses dias de escuridão, e indo confiantes ao encontro da luz do sol.
Al Primo
Enviado por Al Primo em 13/09/2020
Código do texto: T7061895
Classificação de conteúdo: seguro