O que aprendi vendo TV?

Todo mundo fala que a televisão não ensina nada, certo? Bem, pelo menos no meu caso algumas personagens do cinema e da TV me deram algumas lições inesquecíveis.

Com a novela Roque Santeiro, de autoria de Dias Gomes, aprendi que uma mentira que todo mundo quer acreditar pode se tornar bem conveniente, enquanto a verdade, pelo contrário, pode ser bem incômoda, a ponto mesmo de se tornar inconveniente para uma sociedade.

O sábio senhor Miyagi me ensinou que na vida é preciso ter equilíbrio: "tudo na vida é equilíbrio", porém, quando a vida nos coloca numa situação difícil, é MacGyver quem fornece a seguinte lição: com calma, inteligência e com conhecimentos (preferencialmente de física) você poderá sair de qualquer aperto, e olha que de aperto o MacGyver entendia muito bem, tanto era assim que no Brasil o seriado ganhou o título de Profissão perigo.

Já com Marck Thackeray, protagonista de Ao mestre com carinho, aprendi que com disciplina, honestidade, amor e dedicação, podemos colher bons frutos mesmo com um trabalho considerado ingrato, porque agindo nestas virtudes acabamos por conquistar o respeito e a admiração das pessoas.

A lição final deixada pelo terrível vilão Darth Vader, é que nunca é tarde para se arrepender e tentar corrigir os erros do passado.

Não importa o quanto você apanhe, a luta só termina quando você ou o seu corpo desiste de lutar, ensina um persistente Rocky Balboa.

Ora, os estereótipos não estão mesmo com nada, quem precisa de fada-madrinha quando se tem em casa uma bruxa maravilhosa como Samantha Stephens de A feiticeira?

Graças ao marinheiro Popeye, aprendi a comer e gostar de espinafre, e com a ajuda da criativa e cativante Laura Ingalls, a “Pinguinho” de Os pioneiros, entendi que uma família unida pelos laços de afeto e amizade é capaz de superar qualquer obstáculo mesmo em um meio hostil.

Observando o comportamento do fascinante senhor Spock, compreendi a necessidade de equilibrar minhas emoções com um pensamento lógico e racional.

Com as pornochanchadas do cinema nacional, hoje já gastas devido às inúmeras reprises no Canal Brasil, aprendi duas coisas: dormir tarde e entender que o brasileiro, com o seu caráter débil e um erotismo tosco, é um povo que, ainda nos nossos dias, não se leva a sério. O Brasil é uma tragicomédia das mais despudoradas.

Quem viveu os anos sessentas, setentas e oitentas, podia ir ao cinema ou ver televisão sem experimentar a inquietante sensação de que se estava apenas perdendo tempo. Assistir ao seu programa preferido sentado em uma confortável poltrona podia então ser uma fonte de aprendizado, mas acima de tudo, um desses pequenos prazeres que fazem com que a vida tenha mais sentido.