UMA PARÁFRASE A CLARICE LISPECTOR

Uma paráfrase a Clarice Lispector

Andei revisitando Clarice, em A Hora da Estrela...Uma amiga relembrou o livro. Da primeira vez, “Macabea quase me matou”, palavras do narrador. Na sua inexpressividade , a moça era a própria antítese dos macabeus. Agora, a personagem é para mim, o ícone ao contrário do quero para a juventude. Ela me faz refletir sobre o poder que temos de incentivá-los, os jovens , para que tenham direito ao sonho e à construção de sua própria história, a partir do conhecimento adquirido na escola ou pelo wi fi, não aquele emprestado pelo comerciante da vizinhança ou captado em terreno alto no fundo do quintal. Quero que todos tenham a oportunidade de se debruçar à maravilha do conhecimento , sem ter que esperar a sonhada solidão do quarto tão disputado para realizá-lo. Que todos tenham oportunidades de desenvolver habilidades múltiplas , que a vida seja algo mais que um sim de Clarice, falado por uma molécula para outra molécula, segundo o seu narrador. Que expressões como “renda per capita”, “ efeméride”, “designar “sejam funcionais no vocabulário. Que eles saibam quem foi o autor de Alice do País das Maravilhas, que ele foi matemático , que a terra tem mais de 7 bilhões de habitantes e que isso lhes traga uma sensação de amparo e, depois, saberem em que aplicar o que aprenderam. Que conhecimentos infinitos como os que Macabea ouvia no rádio emprestado, assim como o da teoria de que a mosca poderia voar o mundo em 28 dias , se o seu vôo fosse reto, possa lhes tirar do limbo, para que a vida seja mais do que “ expirar e um inspirar em um viver ralo”. Que esses jovens possam viver com glória e com vontade de ter futuro e que eles tenham um rosto, um corpo e a inteligência de fazer neles a morada divina. Que ler não se torne supérfluo, porque a fome será menos iminente. Que não tenham medo de inventar, que saibam o que é cultura, que samba é diferente de outro ritmo e que eles não são condes e nem príncipes, mas que ter uma vida de esplendor não é privilégio de poucos, como pensavam Olímpico e Macabea.

Claraliz Almadova

Claraliz Almodova
Enviado por Claraliz Almodova em 15/09/2020
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