Ipê amarelo - Chuva de ouro.
Na avenida havia aquela carreira desta iluminação: lanternas em flores de ouro. Quando chegava esta época do ano, entremeios de agosto e setembro fazia-se um caminho dourado – caminho para budas, satori.
Eu me sentia em sintonia quando subia a avenida com meu carro ouro envelhecido. Era o Satori. Compreensão: Minha invenção para vencer o dia.
Mas havia aquela vizinha, que se dizia artista visual que começava a reclamar das flores caídas. Para mim era tapete.
Eu só pensava: "como que ela não podia se sensibilizar com tamanha beleza?!
Existem artistas, ar puro, e antíteses por aí.
A mal-humorada morreu, os ipês foram carcomidos por larvas e tiveram que ser cortados. E eu estou aqui registrando estas vivências paradoxais. Natureza da humanidade e humanidade na natureza.
Quando os ipês foram plantados foi uma festa. Algo diferente acontecia na avenida. Além das árvores, o sistema telefônico também se modernizava e fios subterrâneos eram instalados. Os ipês, árvores do cerrado, foram plantados em calçadas. Era a Ditadura. “Us homi mandô e tava mandado, manda quem pode, ubedece quem tem juízz” o clichê corria de boca em boca. Ninguém questionou a natureza daquelas árvores em aprofundar raízes e muito menos os desmandos do desgoverno. Ai de quem questionasse!
À medida que as árvores cresciam eu punha a mão em seus troncos que engrossavam. Eu soliloquiava: “irá viver mais do que eu.”
Não demorou muito para os galhos se abrirem em braços. Logo lhe cortavam. Como as bocas que falavam eram silenciadas: Louco!
As raízes encontraram estruturas concretas. Apodreceram.
Eu tenho sobrevivido digerindo angústias. Escrevo.
Caminho para bundas pelas bandas daquela avenida.
Na avenida havia aquela carreira desta iluminação: lanternas em flores de ouro. Quando chegava esta época do ano, entremeios de agosto e setembro fazia-se um caminho dourado – caminho para budas, satori.
Eu me sentia em sintonia quando subia a avenida com meu carro ouro envelhecido. Era o Satori. Compreensão: Minha invenção para vencer o dia.
Mas havia aquela vizinha, que se dizia artista visual que começava a reclamar das flores caídas. Para mim era tapete.
Eu só pensava: "como que ela não podia se sensibilizar com tamanha beleza?!
Existem artistas, ar puro, e antíteses por aí.
A mal-humorada morreu, os ipês foram carcomidos por larvas e tiveram que ser cortados. E eu estou aqui registrando estas vivências paradoxais. Natureza da humanidade e humanidade na natureza.
Quando os ipês foram plantados foi uma festa. Algo diferente acontecia na avenida. Além das árvores, o sistema telefônico também se modernizava e fios subterrâneos eram instalados. Os ipês, árvores do cerrado, foram plantados em calçadas. Era a Ditadura. “Us homi mandô e tava mandado, manda quem pode, ubedece quem tem juízz” o clichê corria de boca em boca. Ninguém questionou a natureza daquelas árvores em aprofundar raízes e muito menos os desmandos do desgoverno. Ai de quem questionasse!
À medida que as árvores cresciam eu punha a mão em seus troncos que engrossavam. Eu soliloquiava: “irá viver mais do que eu.”
Não demorou muito para os galhos se abrirem em braços. Logo lhe cortavam. Como as bocas que falavam eram silenciadas: Louco!
As raízes encontraram estruturas concretas. Apodreceram.
Eu tenho sobrevivido digerindo angústias. Escrevo.
Caminho para bundas pelas bandas daquela avenida.
#memória #crônica #poesia
Leonardo Lisbôa
Barbacena, 04/09/2020.
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Lei do Direito Autoral nº 9.610,
de 19 de Fevereiro de 1998.
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