Quando o Silêncio fala...

Pare. Pare e pense no que vou dizer.

Há um grupo -- descentralizado -- de tipos humanos.

Uma moça é festiva, animada, promove reencontros entre amigos, leva uma palavra de Esperança a quem estiver pra baixo.

Um homem é tido como antissocial, quase um Nerd, um tipo (Deus me livre o termo, pois acho-o pedante em demasia, mas...) intelectual. Tem dificuldades de se relacionar com as pessoas (detesta adentrar ambientes com muitas pessoas etc.); adora ler e, mais ainda, escrever. Está passando por problemas com sua família, maltratando-a, fazendo-a sofrer. Não entrarei em detalhes. Isso não vem ao caso.

Um jovem não consegue voltar a estudar. Adoraria -- mas precisa vender doces no trânsito para garantir o Pão.

Uma prostituta à noite é bancária durante o dia. Está atrás de seu filho, que ela precisou doar, cerca de duas décadas atrás, para poder continuar vivendo. A grana não dava... Hoje ela sofre com isso.

Um cara -- que estudou comigo na graduação -- me falou que entrou uma vez num bate-papo de telefone e invariavelmente havia tipos estranhos como um cara que ficava perguntando se havia alguém do outro lado da linha. Um outro ficava xingando todo mundo. Um outro permanecia mudo. Uma moça, por sua vez, bem... Não me recordo direito do que Dênis me falara sobre ela. Deixemos isso para lá.

Há grupos, guetificações e _communitas_* espalhados pelo mundo. Párias, Refugiados, Gente que largou tudo para recomeçar. E Deus habita a Caverna dos Corações Esperançosos -- crente de que existirá por mais uns dez mil anos...**

NOTA

* Cito o termo numa acepção próxima a de Victor Turner em "O Processo Ritual: Estrutura e Antiestrutura".

** Há na internet referência a um recado escrito na parede se uma cela que dizem pertencer a um prisioneiro judeu em pleno Campo de Concentração. Neste recado -- eu me curvo ante o que ele diz! -- consta algo como: "Se existir um Deus, ele terá de implorar pelo meu perdão".

Não há nada que possa comentar isso. Que possa dizer o quão real, sensato ou mesmo absurdo esse recado é. Desconheço no mundo quem o possa comentar sem fazer jus a ele. Não há um Pai Nosso, Ave Maria etc. que tenha maior força que a observação desse recado mais forte que o relâmpago. Mais intenso que um terremoto -- nada do que eu tenha lido até hoje chega perto desse desabafo incomparável!