Cidadãos do universo

Somos cidadãos do universo viajando em busca de dias melhores, de menos problemas, de malas mais leves, de paisagens menos enfumaçadas.

Uns percorrem uma longa viagem, visitam estrelas, andam nas nuvens, correm entre os planetas, fazem amigos, companheiros de viagem, ajudam os amigos a carregarem as malas, os fardos, compartilhar dores e alegrias.

Para outras a viagem é bem curta. Seu tempo é limitado, não conseguem sequer sair de onde entraram. Para esses a porta está sempre fechada. Há quem bata e o convite para dar uma volta em torno do sol, mas estão tão ocupados com o curto trajeto da viagem, que não ouvem as batidas na porta ou apenas deixam bater, e, de tão ocupados parece que não escutam o som das batidas.

Uns, embora viajando muito, deixam poucas heranças ou nenhuma. Alguns viajam por muitos anos, ou poucos, mas distribuem ou melhor espalham seus bens para muitos lugares. São amigos do vento, e quando se vão, o vento se encarrega de distribuir tudo o que acumularam

Há ainda aqueles que mesmo com previsão de uma viagem curtinha, não se deixam abater e tratam logo de aproveitar o tempo da viagem, curtem a noite, acordam com o sol, as estrelas se tornam logo suas amigas, e quando eles partem elas ficam chorosas, mas enfim, deixam bastante brilho em seus rastros.

Eu, sou amiga do vento, adoro uma chuva fininha, o sol é meu confidente, a lua minha velha conselheira. Quero conhecer todos os planetas possíveis. Não sei o tempo de viagem que me resta. Mas, isso não me preocupa nem um pouco... pois sei que a vida continuará depois de mim.

Quando eu partir, feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira... E continue sua viagem...

Nália Lacerda Viana, 21 se setembro de 2020