Geração Sofrência - Que bicho é esse?

Geração "Sofrência"

QUE BICHO É ESSE?

Valéria Guerra Reiter

A que ponto chegou à música popular brasileira. E não são aqueles cabelos alvos tingidos da forma naturalmente proteica: que assim o dizem; mas, sim, a formação dos tronchos neologismos, que mutilam hoje, a geração nascida de meados dos anos dois mil para cá...

Muito triste presenciar a morte dos valores incandescentes que iluminaram o século XlX e XX, e fizeram história para homens e mulheres que tiveram a sorte de escutar Chiquinha Gonzaga, Renato Russo, Oswaldo Montenegro, Rita Lee, Ney Matogrosso, Dalva de Oliveira, Almir Sater, Cauby Peixoto, Noel Rosa, Chico Buarque, Raimundo Sodré e tantos outros iluminados...

O hoje pós-moderno é a-criativo; nas artes, na música e na política.

E aqui sob o microscópico Brasil com z, em termos socioculturais, tudo se torna viral e vulgar, como mostra a mídia comprometida com um Mercado altamente aliado com a obscenidade do senso comum rentável, de conveniente desenvolvimento “in vitro” que faz parecer sucesso, tais estrambólicos hits. Tal experiência se dá em laboratórios fecundos; como por exemplo: no Sistema Educacional, que cultiva cidadãos receptivos a estes gostos, ou melhor, desgostos.

O chamado sertanejo universitário é barulho sem coerência. Os pagodes desafinados, sem melodia, normalmente com letras preambulares; nem falar. E seguimos nessa trajetória que nos conduz ao funk, em sua vertente mais literal, permeada por "nádegas que cantam". E o público? O público não passa de fantoche, composto essencialmente por jovens universitários altamente alienados: que ocupam um nicho fetichizado.

E se você necessita se desintoxicar de esta desfigurante ideologia: ao ouvir trash music, mesmo sem querer, corra para seu quarto, ou similar e coloque um vinil (de preferência) e ouça: Polonaise, ou o Samba do Avião, para não morrer de inanição.

E a política? Bem, este departamento também “padece de sofrência”...

Atendendo as prerrogativas apontadas pela práxis, devemos refletir a respeito da problematização que se expressa no título de alguns artigos: que representam certos “ismos” e que discorrem sobre certas ideologias apregoadas: por exemplo, como o Capitalismo, o Neoliberalismo ou mesmo, o Olavismo: e assim vamos acumulando dogmatismos anacrônicos.

“Nada pode estar tão distante de alguma outra coisa como o intercâmbio intelectual genuíno está do debate político-partidário e ideológico tal como se trava na nossa mídia e nas nossas instituições universitárias”; tal fragmento extraído (fidedignamente) de um artigo intitulado: “Devastação cultural encarnada" demonstra o quanto à retórica consegue humilhar a verdade.

Reflitamos! Quem tomou posse como embaixador do Brasil nos Estados Unidos? O diplomata Nestor Forster, nascido no Rio Grande do Sul, e ocupante do cargo de forma interina desde o ano passado. O senado o aprovou quase que por unanimidade. Ele é reconhecido como adepto do “olavismo”, e declarou (Forster) que não há subserviência no país, por parte da governança, óbvio que seria trágico, senão fosse extremamente cômico, e digno das charges já representadas no traçado do artista Aroeira.

Ainda refletindo e compreendendo (com vocês) nobres leitores: que bebem na fonte fidedigna do jornalismo desenvolvido pelo Brasil 247, deixo aqui mais um trecho de artigo que me impressionou, quando realizava pesquisas para a confecção do meu TCC, para o curso de História: “O racismo anti-negro é pura criação árabe, e na Europa, não contribuiu em nada para fomentar o tráfico negreiro.” Vale a pena ler o artigo “África às avessas” (confeccionado por Olavo de Carvalho); texto que inclusive fez a cabeça de alguns alunos meus, de forma equivocada.

Aqueles que se deixam ideologizar; são os mesmos que apoiam a Volta às aulas precocemente, em meio a uma provável segunda onda (reincidente) de casos de coronavírus; ou, então, negam a utilização de máscaras durante a pandemia. São posturas alienadas, e irrefletidas que geram sistemas como o bolsonarismo; que no caso, fora gerado no forno reacionário; que fez crescer o bolo da eleição de 2018 em seu resultado bastardo. Ler e reler qualquer material escrito de forma lúcida e reflexiva é a melhor práxis.

O papel da intelectualidade sempre foi importante, porém, qualquer forma de endeusamento, poderá gerar a falência de todo um sistema social, principalmente se o discurso do endeusado for reacionário, mas coberto pelo o "pó de arroz" do populismo.

É deveras urgente, que haja uma conscientização do todo, no que tange a cognição de sentidos, afinal agir e conhecer são atributos inseparáveis dentro da realidade. E quanto à arte, precisamos dela para não morrer de verdade.

#LeiaBrazilevireBrasil

Valéria Guerra
Enviado por Valéria Guerra em 24/09/2020
Reeditado em 05/10/2021
Código do texto: T7071505
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