Mania Mundial

Estes dias, estive lembrando daqueles três macaquinhos, não vejo o mal, não falo o mal, não escuto o mal. É um símbolo budista que traz uma mensagem muito profunda e de grande valor, mas as pessoas andam meio esquecidas deles. Boa parte do mundo olha para os três macacos como uma peça engraçadinha, quando na verdade deveriam olhar para a mensagem trazida por eles. Virou uma mania mundial falar mal de tudo.

Você chega em casa após um longo dia de trabalho e se depara com jornais televisivos cheios de mortes, seqüestros, tiroteios, roubalheira na máquina pública e nas empresas privadas. Todo mundo fala mal de tudo. Nada está bom. Até o santo Futebol, orgulho de qualquer brasileiro, só tem gente falando mal.

Se você decide passar para a leitura de um jornal, encontra o mesmo problema. Páginas e mais páginas de notícias ruins, de críticas insensatas, de crimes, latrocínios e colarinho branco. Até os cadernos de cultura, só sabem falar mal dos livros, dos cinemas, das peças de teatro, dos programas televisivos e dos shows.

Sem televisão e sem jornal, você poderia ir conversar com algum amigo ou com um vizinho, fazer um happy-hour para descontrair. Que nada, provavelmente a conversa de vocês se resumiria a falar quem está transando com quem, quem tem jeito de homossexual, quem está falando mal de quem, quais são as intrigas do momento. Como sempre, a conversa se resume a falar mal uns dos outros.

Você pode decidir conversar com sua mãe ou com seu esposo, namorado, sobre a família, sobre filhos, casamento. Só irão conversar sobre brigas familiares, separações, filhos rebeldes, mães que não sabem educar seus filhos e escolas que ensinam palavrões. Só pregando o mal.

Se decidir assistir algum programa educativo no Discovery Channel sobre o mundo animal das formigas trabalhadoras do igarapé da floresta amazônica, provavelmente vai ficar falando mal do programa o tempo todo e reclamando que a fatura da televisão a cabo é muito cara para transmitir este tipo de bobagem.

Virou uma mania mundial falar mal de tudo e de todos, de só mostrar o mal e de só ouvir o mal. Todos somos PHD’s em falar mal das coisas e das pessoas. Não tem um de nós que não seja especialista em falar mal.

As pessoas esqueceram como é bom falar com seu namorado sobre o quanto à ama, falar com seu esposo e fazerem planos para o futuro, falar com sua mãe sobre todos os momentos felizes que passaram durante as brincadeiras de infância, brincar com seu filho como se fosse irmão dele, conversar com os amigos sobre as aventuras malucas que passaram durante as viagens que fizeram juntos. Falar bem e fazer o bem, enobrece o ego de qualquer um.

O mundo só dá valor ao mal, só vê o mal e só ouve o mal. Eu por exemplo acho que os jornais televisivos ou escritos são uma droga, os livros têm pouca criatividade, meus amigos são todos chatos, minha família uns encrenqueiros. Como diria a música da Legião Urbana, O mundo anda tão complicado. Mas eu, sou diferente não falo mal de nada...