Naufrágio de um Diletante

Sei que nem todos vão concordar comigo, no entanto, fico imaginando como é complexo esse mundo da arte e do sucesso. Até mesmo dentro da literatura. Em certos momentos, fico completamente embasbacado com aquilo que estou lendo, tamanha é a criatividade e trama da história, cativando-nos do início ao fim. Sei que vários autores têm essa perspicácia de atrair os leitores com suas histórias fascinantes, mas, para não ficar muito cansativo, citarei apenas “Os Miseráveis”, cujo autor Victor Hugo é um dos meus preferidos. Nesse livro ele conta a história de Jean Valjean, homem de imenso vigor físico, que ao roubar um único pão para saciar a fome da sua família, vai para na prisão. E depois de algumas fracassadas tentativas de fuga, acaba sendo trancafiado por dezenove anos. Essa história é muito emocionante, onde o inspetor de polícia Javert fica o tempo todo na cola do fugitivo.
Quando deparamos com essas verdadeiras obras de arte, temos mais que render-nos diante deles e batermos palmas. Todavia, nem sempre, aquilo que faz sucesso, tem essa maestria. Tem livros que são considerados clássicos da literatura mundial, que fico até pensando que o autor está de gozação com a gente, tamanha são as asneiras narradas. Acabei de resenhar aqui, um desses clássicos, que tem apenas 140 anos de divulgação. Sei que o livro é uma fantasia, que a tal não tem limite dentro do mundo imaginário de um autor. No entanto, penso que até para fantasiar, há a necessidade de alguma lógica, de alguma sensatez. Só para esclarecer-vos, alguém é tragado por um tubarão, sendo que esse sujeito sobreviveu, dois anos ali naquela entranha, comendo biscoitos e enlatados e outras cositas mais, provenientes de um navio engolido pelo tubarão. Tenha santa paciência, mesmo sendo voltado para o público infantil, se na minha época de criança tivesse lido isso, com certeza, iria questionar esses absurdos. Ainda mais as crianças de hoje, que são mais sabidas que os adultos.
Um dia eu estava assistindo um vídeo de uma editora, mostrando como não deve ser feito um original. E o mais interessante, que o original que ela usava como exemplo negativo, foi editado pela empresa. O pouco que vi do texto, era um verdadeiro lixo, só palavras de baixo calão, sem nexo. Fiquei imaginando como uma editora poderia publicar aquele texto.
Em se tratando da Escrita, eu me considero um diletante. E apaixonado como sou, não espero através dela ganhar rios de dinheiro, todavia, tenho um desejo imenso de levar ao máximo de pessoas, aquilo que se passa no meu íntimo. Diante disso, recentemente, resolvi escrever um livro com o seguinte título: “Um Conto de Vida”. Queria fazer uma conexão da minha história de vida, com os fatos acontecidos nesse período. De maneira, que no porvir, as pessoas ao lerem um livro, poderiam saber de fatos que hoje são atuais, como a pandemia e outros casos. Ficou uma história muito comovente com fatos, tristes, alegres, cômicos. Tenho certeza que a minha história identificaria com muito leitor, por ser o retrato de uma família brasileira. No entanto, grande foi a minha decepção ao enviar o original para algumas editoras e a resposta era somente essa: não estamos publicando esse tipo de obra, não atende o nosso perfil. Ao ler essas mensagens de recusa, na minha mente apenas, reminiscências do lixo editado pela editora. E essas coisas, querendo ou não, acabaram assolando-me.    

 
Simplesmente Gilson
Enviado por Simplesmente Gilson em 06/10/2020
Código do texto: T7081254
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.