JESUS DE NAZARÉ

Meu tio-avô, chamado Antônio, certa vez estava internado no hospital Beneficência Portuguesa de Bauru e, por ser idoso, eu ficava todas as noites com ele naquele quarto coletivo. Eram 3 homens internados ali. Eu, quando não aguentava mais, dormia no chão ao lado da cama de meu tio e, isso, foi por noites a fio. Como sempre, fui muito falante e muito fácil de fazer amizades, conversava sempre com os que estavam internados com meu tio e aproveitava para ajudar a jogar o xixi de todos dali e dar comida na boca de alguns. Sempre gostei de ajudar e não vejo mérito nenhum nisso, pois acho que não fazemos mais que nossa obrigação quando alguém está impossibilitado, mesmo sendo um homem ou animal. Mas nem toda coisa pode ser uma ajuda, pois outras que parecem ser nada, pode ser tudo em dado momento. Toda vez que eu chegava depois de meu trabalho para "dormir" no hospital, eu falava com Deus colocando minha mão na testa do meu tio para que Ele o abençoasse. Numa noite, só tinha dois internados, meu tio e um policial da Rota que se chamava Maldonado. Este policial, vendo eu "orar" pelo meu tio, pediu-me que orasse por ele e, de pronto, fiz uma oração para ele também, mas antes, falei que não sabia orar ou rezar, mas conversava com Deus da minha maneira e o Maldonado falou que podia fazer do jeito que eu quisesse.

Coloquei minha mão na testa daquele policial da Rota e falei palavras que não me lembro agora para Deus, mas lembro-me de ter terminado minha "conversa" com Deus, chamando Maldonado de irmão e falando que Jesus de Nazaré o abençoasse. Quando abri meus olhos e olhei nos olhos do policial militar da Rota, deitado em sua cama muito doente, vi que chorava muito e, foi quando ele disse para mim: "nunca ninguém falou para mim de Jesus de Nazaré. Só falam em Jesus, mas você falou para mim de Jesus de Nazaré. Obrigado, Roberval!" Nós dois choramos muito naquele momento. No outro dia ele foi para a casa. Sua cama estava vazia de noite e eu fiquei olhando pra ela pensando: que força tem o nome de Jesus de Nazaré, não é? Cerca de uma semana depois, fiquei sabendo que o Maldonado estava face a face com Aquele Jesus, que nasceu em uma cidade pequenina da Judéia, chamada Nazaré.

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