A insurgência descabida e a arrogância no circuito da poesia

Quando humildemente o honroso Mestre Leandro Gomes de Barros, um grande criador e empreendedor, à sua maneira, no comércio literário num século cujas dificuldades eram tamanhas, cada conquista realizada por ele, certamente tinha sabor especial.

Cada texto produzido, cada cordel rusticamente editado, trazia os ideais de um homem que tinha por princípio maior, semear a cultura, tendo o cordel como gênero representante da natureza resiliente do povo brasileiro, especialmente, do povo nordestino.

Graças ao pioneirismo e criatividade de Leandro Gomes de Barros no gênero literário do cordel, vários novos autores puderam construir suas trajetórias como escritores e deixar o seu legado, por meio de versos e rimas metrificadas, poeticamente musicalizadas, dom natural do autêntico cordel.

Leandro Gomes de Barros, jamais imaginaria o quanto a apropriação deste maravilhoso gênero literário, também seria motivo de contendas entre poetas, que duelam com suas vaidades e outros sentimentos, nem sempre positivos, que trazem consigo e repercutem negativamente no universo da leitura e da poesia.

É natural ver explicitamente um poeta sem conhecer a obra do outro, as vivências do outro, dizer que ele não acredita naquela obra, por isso, por aquilo, e tal... quando você procura saber nada mais é do que o poeta escreve no mesmo segmento, e é muito bem aceito numa linha onde estes poetas com críticas vazias, aprenderam a fazer comércio com a literatura em estados maiores. Será medo da concorrência?

Este fato parece acontecer, já que se dizem escritores profissionais. O verdadeiro escritor, por mais capacitado que seja, não escreve apenas, pensando em vender, ele se entusiasma com aquilo que escreve e tem ânsia de compartilhar com alguém para ver a devolutiva das pessoas, a venda é uma consequência e claro, em muitos casos uma necessidade por sobrevivência de quem vive somente da escrita, o que se tornou mais fácil para celebridades fabricadas.

Seria o ócio que estaria fazendo de uma destas pessoas do meio da poesia, especialmente do universo do Cordel, uma pessoa tão insensível, ao ponto de tratar mal uma colega da poesia? Pior, defensor de um movimento panfletário “Cordel sem machismo”? Dizer que não acredita que uma pessoa escreve apenas por inspiração, querer proibir escritores de fazer releituras de obras de domínio público, ninguém pode, só ele, como pode julgar que leituras as pessoas fazem? Que autoridade tem para isto? Pior é ver os outros silenciarem, ninguém para discordar, corre o risco de inflamar...

Creio que o Mestre Leandro Gomes de Barros aconselharia: - Volte a ouvir seu pai, erga as mãos, trabalhe, depois ouça cantoria, mude este humor, vá viver em harmonia!

Eu sou poeta, sou canto

Eu sou o amanhecer!

Tire o rei dessa da barriga

Para eu te conhecer,

Se fores mesmo poeta

Alma boa hás de ter!

Sírlia Lima
Enviado por Sírlia Lima em 08/10/2020
Reeditado em 10/10/2020
Código do texto: T7082829
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