Haja cotovelo!

Quem nunca teve nesta vida uma dor de cotovelo? Ou uma dorzinha sequer? Foi-se o tempo que esse tipo de desconforto se dizia apenas às questões sentimentais, ou seja, às “apaixonites” agudas.

Certo dia, numa dessas reuniões de jogar conversa fora, um amigo disse que não conhece uma pessoa sequer que já não sofreu desse mal, ou para alguns, desse bem. Que só se escapam aqueles que ainda não nasceram. Será?

Eu, de minha parte, acho que, partindo do princípio de que viemos de outras encarnações, não há mais dúvidas; está claro que ninguém até hoje conseguiu escapar de uma dorzinha de cotovelo sequer.

Falo e escrevo sobre isso, porque os cotovelos nunca foram tão requisitados como atualmente. Parece que estes tempos pandêmicos vieram despertar em nós muitas reflexões sobre as coisas da vida, sendo uma delas a que se refere aos cotovelos, que das partes emocionais já estão alcançando as questões práticas de prevenção contra esse tal vírus, que só de falar o nome dele, já causa um mal danado. Vixi!

Foi-se o tempo, sentado à mesa de um bar, a sós ou acompanhado de um amigo, alguém colocava os cotovelos sobre a mesa e discorria em lamentos pela perda de um grande amor, ou tomado de ciúmes, ou mesmo por uma traição, quando os cotovelos sofriam simultaneamente os impactos da dor física e da emocional. Só isso não bastaria.

Hoje em dia, do jeito que as coisas vão, até nas alegrias teremos dor de cotovelo, se é que já não estamos tendo.

Ao cumprimentar os amigos, os gestos se dão de cotovelo com cotovelo. Tem gente metendo os cotovelos onde não é chamado. Ah, como tem!

No futebol, então..., espero que as cotoveladas só ocorram nas saudações saudáveis. Aí vem a dúvida para a arbitragem, ao julgar se tal cotovelada foi faltosa ou apenas uma cordialidade. Eita, complicação! Hahahaha...

E quando os cotovelos não mais suportarem as dores físicas? (Porque parece que as dores emocionais, não mais suportam)

Aí surge a dor da saudade, de quando cumprimentávamos com as mãos e, por motivo pandêmico, agora nem com os cotovelos, por questão clinicamente inviável.

Então, passaremos a reverenciar uns aos outros, ao estilo oriental, emitindo vibrações de bons sentimentos que temos em nós, ou seja, que cada qual tem em si.

Mas, do jeito que somos nós brasileiros... haja cotovelo!

Yé Gonçalves
Enviado por Yé Gonçalves em 09/10/2020
Reeditado em 26/10/2020
Código do texto: T7083255
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